AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

MÃES E BEBÉS

No I encontra-se hoje um trabalho sobre o universo da maternidade em Portugal de que relevam duas notícias de sinal contrário.
Em primeiro lugar, com registo negativo, a preocupação com o aumento dos casos de mortalidade infantil que em 2011 regressaram a indicadores de há dez anos em nove das regiões do país. Alguns especialistas remetem para a possibilidade destes dados se ligarem a um aumento dos casos de prematuridade que potenciam o risco da mortalidade. De qualquer forma, em 44 dos 67 agrupamentos de saúde com dados tratados, 44 pioraram a sua situação face a 2010.
A baixa taxa de mortalidade infantil, uma das mais baixas a nível mundial, representou uma enorme conquista que importa preservar.
Apesar das reservas que a interpretação dos dados merecem, é também verdade que os cortes no SNS e a perspectiva de que estes cortem se acentuem no âmbito da manifesta intenção repetidamente enunciada de diminuir os custos na saúde ao abrigo de uma proclamada "refundação" do estado.
Ainda com registo de preocupação com os mais pequenos, releva a informação de que alguns dos quadros graves de meningite estão a diminuir mas, segundo os especialistas, as dificuldades económicas das famílias estão a inibir a compra da vacina, 280 euros, que contrariamente ao que se passa noutros países não está integrada no Plano Nacional de Vacinação, como defendem os técnicos.
Oxalá, não estejamos já a pagar um elevadíssimo preço por políticas contabilísticas e não por políticas de pessoas e para pessoas, embora com a necessária contenção e combate ao desperdício.
Uma segunda nota, mais positiva, referida no trabalho do I, remete para o abaixamento para metade da maternidade antes dos vinte anos que se traduz, certamente, na minimização de um grave problema em Portugal nos últimos anos, uma muito alta taxa de gravidez em adolescentes. Parece oportuno relembrar que segundo os especialistas a diminuição do número de partos de adolescentes decorre da prevenção. Embora nestas matérias, como em todas as que dizem respeito à vida das pessoas, se deva considerar o universo de valores em presença, bem diferentes, é fundamental não esquecer as consequências devastadoras e dramáticas que a maternidade adolescente pode implicar, para a mães e para os bebés. A gravidez surge para muitas adolescentes e jovens como "um projecto de vida na ausência de outros" e num quadro de insucesso educativo.
Sabemos, a experiência mostra, que uma adolescente pode revelar-se uma excelente mãe, tanto quanto uma mulher madura pode ser uma péssima mãe ou, como hoje se referia, abandonar o bebé. Não podemos, nem devemos, promover avaliações prévias de competências maternais, a ética e a moral impedi-lo-iam, mas podemos combater discursos hipócritas sobre a educação em matéria de sexualidade e comportamentos de risco. Estes discursos alimentam a manutenção de situações que promovem em adolescentes, muitas vezes sem projecto de vida, um caminho e uma experiência para a qual não estão preparadas nem desejam, e promotora de sofrimento para todas as pessoas envolvidas, a começar, obviamente por uma criança, que sem ser ouvida, entra a sofrer neste mundo.
Mais uma vez, torna-se necessário que os dispositivos de apoio e prevenção neste universo não se alterem de forma a comprometer a evolução agora registada.

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