A imprensa refere hoje o Relatório da OCDE “Closing
the Gender Gap: Act Now” no qual consta que as mulheres portuguesas realizam
cerca de 250 minutos por dia em trabalho não remunerado em casa, sobretudo no
âmbito das chamadas “tarefas domésticas” cuidar da casa e dos filhos, de
familiares, etc.. Em todos os países considerados as mulheres trabalham mais do
que os homens embora a média seja de 150 minutos o que torna as mulheres
portuguesas as quartas mais “trabalhadeiras”. Mesmo em casais com filhos e o
homem sem emprego as mulheres trabalham mais cerca de 50%.
Curiosamente no relatório Society at a Glance
2011, Portugal ocupava o mesmo lugar do ranking de “trabalhadeiras”, o quarto, na
diferença entre homens e mulheres.
Também em 2011 um estudo realizado pela
Intersindical com base em dados do INE e do Ministério do Trabalho segundo o
qual as mulheres portuguesas trabalham média 39 horas semanais e realizam mais
16 horas de trabalho não remunerado relacionado com a família o que me leva
retomar algumas reflexões já aqui deixadas. Também há algum tempo um trabalho
internacional revelava que as mulheres portuguesas são das que mais tempo trabalham
fora de casa. Existem também indicadores sustentando que as mulheres
portuguesas são de entre as europeias as que mais valorizam a carreira
profissional e a família, a maternidade.
Este conjunto de indicadores ilustram as
dinâmicas familiares actuais e ajudam, também a entender as dificuldades e
inibição que muitas famílias sentem em integrar filhos nos seus projectos de
vida e o consequente envelhecimento e ausência de renovação geracional, matéria
também contemplada no Relatório hoje conhecido.
É evidente que as questões não são exclusivamente
de natureza económica, os valores e a condição da mulher nas diferentes
comunidades desempenham um papel crucial e interagem com as questões
económicas. Os salários são genericamente baixos e baixos e não podemos
esquecer a discriminação salarial de que muitas mulheres, sobretudo em áreas de
menor qualificação, são ainda alvo e a forma como a legislação laboral e a sua
“flexibilização” as deixam mais desprotegidas. São conhecidas muitas histórias
sobre casos de entrevistas de selecção em que se inquirirem as mulheres sobre a
intenção de ter filhos, sobre casos de implicações laborais negativas por
gravidez e maternidade, sobre situações em que as mulheres são pressionadas
para não usarem a licença de maternidade até ao limite, etc. Pode também
referir-se que apesar das alterações legislativas o uso partilhado da licença
por nascimento de filhos ainda é significativamente baixo.
Na verdade e apesar de algumas alterações que se
vão sentindo, a metade do céu, que as mulheres representam, carrega um fardo
pesado.
gostei do titulo...sinto-me sempre tão trabalhadeira, que nem uma formiguinha...e aquela coisa gira da igualdade, blá, blá...porque é que será que numa casa há coisas que só as mulheres fazem...e são muitas!
ResponderEliminarBom, mas por aqui ainda há tempo para ler e escrever em blogues! O teu é sempre tão atual e no meu do mundo. No centro.
Abraços