Soube agora que um grupo de
cidadãos meus compatriotas lhe endereçou uma carta aberta onde expressavam,
sintetizando, um desrespeitoso e mal-educado sentimento face à sua próxima
vinda ao nosso país que, sabemos todos, ocupa um lugar muito especial no seu
coração.
Desde já, bem haja por isso e por
nos visitar.
Sempre fomos um povo acolhedor e
bom anfitrião, sem falsas modéstias somos mesmo o melhor povo do mundo, como
muito bem assinalava um seu admirador e nosso Ministro das Finanças, o
qualificadíssimo Senhor Professor Vítor Gaspar.
Recebê-la bem é, não apenas um
imperativo das regras da boa educação e urbanidade na relação entre pessoas,
mas também uma questão de justiça e dever. Justiça porque a Senhora Chanceler o
merece pelo profundo respeito e conhecimento que tem expressado sobre nós. É certo que já nos considerou preguiçosos,
gastadores e uns cabeça no ar. Eu sei que a Senhora Merkel não pensará assim,
terá sido um excesso não intencional de algum incompetente conselheiro que a
induziu em tamanha desconsideração que, obviamente, não sente, nem pensa.
Por outro lado, recebê-la da
forma mais simpática que nos for possível é também um dever. Não proceder assim
seria de uma infinita ingratidão depois do esforço e empenho que tem posto na
desinteressada ajuda que nos tem dado, bem como a outros países. Desde logo
deve sublinhr-se os conselhos ao nosso jovem e voluntarioso Primeiro-ministro, o Dr. Passos Coelho,
seu dilecto discípulo, para quem o contacto consigo tem sido uma inspiração
permanente e um farol que lhe guia os passos (não si se na tradução para alemão
a Senhora entende o trocadilho). Agradeço a ajuda e o apoio que lhe tem dado o
que contribuiu decisivamente para os níveis de bem estar que já atingimos. É
verdade que as empresas do seu país e os bancos também são muito beneficiados
com a ajuda que nos dá, o que me parece justo, não se pode pedir que de forma
gratuita nos ajudem a ultrapassar os nossos problemas. Como o nosso sábio povo
costuma dizer, o dinheirinho custa muito a ganhar.
Muito provavelmente, a Senhora
Merkel terá notícia de algumas manifestações quando nos visitar. Não deve
preocupar-se, como sabe, somos um povo dado a festas e a manifestações,
tratar-se-á apenas de uma forma de lhe dirigirmos umas palavras, poderão ser
deselegantes mas, no fundo, são de agradecimento.
Não lhe quero roubar mais tempo
Senhora Chanceler, far-lhe-á falta para descobrir mais formas de nos ajudar,
apenas exprimo um enorme desejo de boas vindas a este país dirigido por um
humilde grupo de vossos criados. Estou convencido de que, guiada pelo mais qualificado dos nossos Ministros, o Sr. Dr. Miguel Relvas, a sua lamentavelmente curta estadia no nosso país vai ser muito bem sucedida.
Somos pobres, mas não somos mal-agradecidos.
Portugal
ResponderEliminarÓ Portugal, se fosses só três sílabas,
linda vista para o mar,
Minho verde, Algarve de cal,
jerico rapando o espinhaço da terra,
surdo e miudinho,
moinho a braços com um vento
testarudo, mas embolado e, afinal, amigo,
se fosses só o sal, o sol, o sul,
o ladino pardal,
o manso boi coloquial,
a rechinante sardinha,
a desancada varina,
o plumitivo ladrilhado de lindos adjectivos,
a muda queixa amendoada
duns olhos pestanítidos,
se fosses só a cegarrega do estio, dos estilos,
o ferrugento cão asmático das praias,
o grilo engaiolado, a grila no lábio,
o calendário na parede, o emblema na lapela,
ó Portugal, se fosses só três sílabas
de plástico, que era mais barato!
...
Alexandre O´Neill
Abraço
António caroço
Boa escolha António
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