AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

ALIMENTAR A FOME. E a esperança?

Está a decorrer este fim-de-semana mais uma recolha de alimentos no âmbito das actividades dos Bancos Alimentares. Tenho a convicção de que iremos saber que o volume de alimentos recebidos será superior a campanhas anteriores o que, aliás, tem vindo a acontecer com regularidade.
Como também tem acontecido sublinhar-se-á tal comportamento dos portugueses acentuando que tal é mais significativo em tempos de grande aperto que atinge, naturalmente, os cidadãos com menores rendimentos.
Na verdade, creio que deve registar-se positivamente esta habitual atitude de partilha revelando uma sensibilidade face aos problemas que afligem os vizinhos, bem mais significativa que muitas das atitudes e decisões das lideranças políticas e governamentais e de alguns discursos absolutamente inaceitáveis e insultuosos.  
No entanto e por outro lado, convém não esquecer que tudo isto decorre dos modelos de desenvolvimento e sistemas de valores que promovem exclusão e pobreza e a simples necessidade de recorrer a Bancos Alimentares para colmatar situações extremas de carência alimentar é, só por si uma acusação tão forte que nenhum de nós pode aceitar sem um sobressalto.
É também verdade que, muitas vezes, a propósito deste tipo de campanhas se argumenta no sentido de que encerram uma dimensão caritativa, assistencialista, que não contraria e, até alimenta, o cenário e as circunstâncias que promovem as dificuldades das pessoas. Ao mesmo tempo, também se argumenta, que a solidariedade das pessoas, acaba por "aliviar" a pressão para que as estruturas responsáveis e as lideranças políticas cumpram com eficácia o seu papel e responsabilidades na área dos apoios sociais.
Sou sensível e concordo de forma genérica com esta argumentação. Sei, no entanto, sabemos todos, que a acção de estruturas como os Bancos Alimentares ou, de um modo geral, as instituições de solidariedade social, têm dado um contributo importante para minorar as dificuldades que muitíssimos agregados familiares atravessam.
Prefiro pensar que o comportamento solidário de muitas pessoas, elas próprias com dificuldades, é um excelente exemplo, este sim, de equidade, a repartição de dificuldades. Estou cansado da retórica sobre a equidade na repartição de sacrifícios e assistir a decisões políticas e a comportamentos de gente muito responsável que contrariam as suas afirmações sobre equidade.
Finalmente, para além dos Bancos Alimentares talvez fosse interessante criar bancos de esperança.

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