A agenda das consciência determina para hoje a
referência ao Dia Mundial da Doença Mental. Por assim ser, algumas notas.
Muitos especialistas têm vindo a alertar para o
acréscimo de casos de perturbação da saúde mental relacionados com as situações
sociais graves em que muitas pessoas são envolvidas no âmbito da crise profunda
que atravessamos, designadamente em casos de desemprego e insuficiência de
recursos que sustentem a vida e, mais importante, a dignidade.
É também sabido que Portugal tem uma das mais
altas taxas de consumo de psicofármacos bem como da prevalência de alguns
quadros clínicos nesta área, o que é um indicador importante sobre a qualidade
da nossa saúde mental e bem-estar.
Por outro lado, também de acordo com os
especialistas, a falta de meios e recursos transforma o Plano Nacional de Saúde
Mental num enunciado bem intencionado, mas inconsequente e desajustado às
necessidades.
A doença mental é algo que, obviamente, não
constitui uma preocupação significativa em matéria de saúde em Portugal. Por
outro lado e curiosamente, no discurso comum e, sobretudo no discurso político
é muito frequente a utilização, que considero insultuosa e inaceitável, de
terminologia própria à doença mental. Todos os dias ouvimos referências às
posições ou discursos esquizofrénicos da oposição ou do governo, conforme os
registos, às posições ou discursos que se consideram neuróticos ou obsessivos,
a banalização do termo depressão, etc.
Temos ainda um número excessivo de doentes
mentais em situações de internamento quando o consenso terapêutico actual passa
por um princípio de manutenção do doente mental em situação de integração
social em contextos variáveis desde a unidade residencial de pequena dimensão e
funcionamento familiar com várias tipologias dirigida a problemáticas diversas,
à unidade sócio-ocupacional, até às equipas de apoio familiar.
Pretende-se sobretudo evitar situações de
internamento muito prolongado e, no caso de crianças e jovens adequar as
respostas aos quadros clínicos, sempre na perspectiva de manter um princípio de
integração social e comunitária.
Eu gostava de ser optimista mas a experiência tem
mostrado que a doença mental é, nas mais das vezes, um parente pobre no
universo das políticas de saúde. Quando a pobreza das pessoas aumenta e a
pobreza dos meios e recursos também aumenta, o quadro é ainda mais grave.
A saúde mental e os cuidados paliativos são, sem dúvida, duas das áreas mais preocupantes nos dias de hoje!!!
ResponderEliminarAqui concordamos em absoluto.
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