AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

OS TRABALHOS DOS ESTUDANTES

Em estudo hoje apresentado e realizado por João Maroco, do Instituto Superior de Psicologia Aplicada - IU, centrado na população estudante do ensino superior conclui-se que cerca de 15 % da população inquirida está em situação de exaustão, cansaço e stress insustentáveis o que promove em boa parte destes estudantes o consumo de fármacos, álcool ou outros produtos que tornem mais suportáveis as circunstâncias de vida.
As causas deste quadro significativo parecem assentar na dificuldade de responder às exigências académicas, às circunstâncias de vida actuais e às dificuldades decorrentes da ausência de perspectivas e confiança no futuro.
Tudo isto compõe um caldo em que facilmente germina o mal-estar, o burnout ou mesmo a doença mental.
Creio que muita gente não valoriza de forma adequada as circunstâncias de vida actuais para muitos dos jovens estudantes que, tendencialmente, são vistos como um grupo de privilegiados que anda permanentemente em festas e em divertimento. Aliás, é curioso ler ou ouvir muitos comentários sobre este universo.
Na verdade, a maioria dos estudantes vive como costumo dizer “entalada”. Vive entalada pela pressão familiar decorrente do esforço que a maior parte das famílias realiza para que possam estudar. Relembro que estudar é caro e as famílias portuguesas são das que na EU mais esforço têm que fazer para proporcionar aos seus filhos a frequência do Ensino Superior.
Os estudantes vivem ainda entalados por uma quantidade enorme de trabalho que muitas vezes lhe é pedido e a percepção de que dada a competitividade é necessário que as notas sejam elevadas.
Finalmente, vivem ainda entalados com a enorme dificuldade de perceber o seu futuro, construir um projecto de vida, autónomo, com níveis satisfatórios de realização pessoal e profissional.
Eu sei, que os estudantes do ensino superior estão, potencialmente, em melhores condições que os cerca de 360 000 outros jovens da sua idade que não trabalham, não estudam e não estão a receber formação, mas sei também que a sua vida não é fácil.

2 comentários:

  1. Caro professor, gostei muito do seu post e sobretudo da sua precisão em referir-se ao conceito de população inquirida, é que pela minha experiência fazer um curso de engenharia não é o mesmo que fazer um curso de gestão ou psicologia. O grau de exigência é diferente, embora tenha sempre presente Ricardo Reis que tanto aprecia.

    Em relação ao estudo acrescentava apenas que (provavelmente)o Burnout aumenta quando as pessoas têm maus colegas.

    Abraço
    António Caroço

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  2. Olá António, na verdade o estudo inclui uma dimensão relativa ao suporte social dos colegas (e não só)
    Um abraço

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