AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O SEGREDO

Desde que entrou naquela escola, nova para ele, o Rapaz pensou que ninguém poderia descobrir o seu segredo, como tinha acontecido na outra escola.
Logo nos primeiros dias, começou a mostrar aos novos colegas, quase todos um pouco mais novos porque ele já era repetente, que não se poderiam meter muito com ele. A qualquer olhar ou palavra reagia mal e procurava intimidar os colegas. Se fosse preciso, crescia para eles e mesmo com um safanão a coisa ficava logo por ali.
Esta forma de agir parecia estar a dar resultado, embora o Rapaz sempre sentisse algum receio que pudessem descobrir o seu segredo e voltaria a ter a vida um inferno como se tinha passado na outra escola  donde, por causa disso, foi obrigado a sair.
Quando ele se aproximava os colegas olhavam com alguma reserva,  sempre receosos das reacções do Rapaz.
Nas aulas começou a perceber que se fizesse uns disparates, os colegas se divertiam e ainda mais o admiravam.
O Rapaz foi-se tornando um rapaz temido com quem os colegas não queriam grande proximidade e problemas.
Ele sentia-se, bem, achava, assim, menos possibilidades haveria de descobrirem o seu segredo.
Nenhum deles sabia que o Rapaz tinha um medo terrível de todos eles e que tinha sido muito maltratado na escola onde tinha andado. Agora tinha conseguido construir uma máscara, um personagem, forte, que metesse medo, para não deixar ninguém chegar ao seu segredo, o medo, muito medo.

2 comentários:

  1. guardar um segredo e, ao mesmo tempo, ter medo dele, exige alguma perícia... e muito sofrimento, infelizmente :/

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