Apesar de todas as vozes, incluindo algumas do
seu espectro político, o Governo continua a persistir num caminho inaceitável
de corte nos rendimentos do trabalho e de promoção do empobrecimento as famílias.
Tal como a maioria dos cidadãos, incluindo
"especialistas", e, no meu caso, certamente por ignorância, não
consigo compreender como é que as medidas anunciadas, mesmo considerando o
abaixamento do desconto para a segurança social por parte das empresas, podem
combater o desemprego e promover crescimento e desenvolvimento. As explicações
vagarosas do Ministro Vítor Gaspar não esclareceram dúvidas e deixaram-me ainda
mais preocupado. Numa estranha concepção mágica da realidade, afirma que os
"portugueses estão dispostos a fazer sacrifícios". Será que esta
gente não consegue entender o quão difícil já é a situação em que milhões de
portugueses sobrevivem diariamente?
O caminho que tem vindo a ser trilhado parece de
forma cada vez mais clara levar-nos a um inexorável processo de empobrecimento,
a promover desemprego e recessão. Estamos cada vez mais longe de relançar a
economia, promover crescimento, acentuando-se, aliás, o cenário depressivo que
atravessamos e de que se não vislumbra o fim, apesar do voluntarismo patético
do Governo anunciando para 2013 o retorno a um caminho de crescimento que as
medidas agora anunciadas desmentem, dramaticamente.
A persistência cega e surda no “custe o que
custar", no cumprimento dos objectivos do negócio com a troika e dos
objectivos da sua própria política "over troika", atingem claramente
o limite do suportável afectando gravemente as condições de vida que muita
gente está enfrentar. Segundo o DN, as
medidas anunciadas pelo Governo representam um "corte" seis vezes superior
ao necessário para cumprimento dos objectivos impostos pelo negócio com a
troika. Mais uma vez não consigo perceber.
Para cada vez mais gente, o abismo está mais
perto, não está mais longe, como Passos Coelho sustentava há semanas. A
realidade não é a projecção dos seus desejos, dramaticamente.
E o que faz um país são pessoas. Cada vez se esquecem mais disso. Como pode o país afastar-se do abismo quando quase cada ser humano que o habita está mias próximo dele?
ResponderEliminarOs nossos recursos humanos na área da política governativa quase sempre foram deploráveis.
ResponderEliminarÉ caso para dizer: ó pátria lusa mais as estrofes de Camões, que só um país miserável tem um poeta zarolho como herói nacional.