Dado que não o tenho na roda dos
meus amigos no FaceBook e a minha utilização da rede é breve, apenas tomei conhecimento da mensagem que deixou na rede dirigida aos
seus amigos, referindo-se ao discurso em que anunciou novas
medidas de austeridade, através da imprensa. Estranhamente e sem que eu consiga perceber porquê, escreve
como cidadão e pai.
Devo dizer-lhe que não tenho a
menor das dúvidas que o Senhor não fez o discurso que gostava de fazer. Se na
verdade gostasse de fazer este discurso, eu ficaria preocupado, evidentemente
com os efeitos das medidas anunciadas, mas também com a sua saúde mental.
No entanto, não sendo o discurso
que gostava de fazer, foi o discurso que o senhor quis fazer, repito, quis
fazer.
Sabemos todos, o senhor também,
que herdou uma situação muito grave com as contas do país completamente
desequilibradas e numa conjuntura internacional altamente desfavorável. Devo,
no entanto dizer que começa a ser o tempo de deixar de referir a herança porque
os dias em Portugal são os que o Senhor tem vindo a fazer acontecer.
O Senhor, para além das medidas
de ajustamento (termo fino este) a que a Troika obrigou no excelente negócio
que realizou connosco, tem vindo a tomar um conjunto de medidas que justamente
produzem os efeitos que o senhor vê com muito incómodo na mensagem do FB,
desemprego, designadamente jovem e sacrifícios pesadíssimos para as famílias.
Mais uma vez, nas medidas
anunciadas, o Senhor decide um caminho, não o único caminho, muita gente,
inclusivamente do seu espectro político, defende alternativas.
O caminho que o senhor tem
escolhido, repito tem escolhido, não promove equidade, mexe nos salários,
retirando rendimento a todas as famílias, não taxa especialmente os níveis de
salário e outros rendimentos muito elevados, baixa o custo do trabalho nas
empresas à custa dos trabalhadores e continua por fazer muito do necessário em
matéria e reforma do estado.
A maioria das pessoas não entende
como é que as medidas que anunciou, insisto, por escolha sua, servem para atenuar
desemprego e promover crescimento, antes pelo contrário, repercutem-se
negativamente no consumo e aumentam a recessão e, portanto, o desemprego.
Tal como você, tenho orgulho nesta
terra, sempre por cá vivi e já nem sequer tenho idade para equacionar de cá
sair mas, devo confessar, o Senhor esforça-se para que mal me sinta com estes
dias de chumbo que vamos vivendo.
Queria ainda expressar
preocupação com o facto de o Senhor admitir que novos sacrifícios nos podem
esperar. Conhecendo o que é o seu entendimento dos sacrifícios, uma quase
inexistente classe média e os trabalhadores a suportarem o grosso dos
sacrifícios, fico com medo.
Compreendo que os seus amigos,
não aqueles que assim trata na mensagem do FB, mas aqueles, poucos, a quem, na
verdade as medidas de que o Senhor é responsável, insisto, é responsável,
entendam muito bem e aceitem os sacrifícios que senhor impõe, mas não é para
eles que o Senhor deveria governar.
Também sou pai, um dia destes serei avô,
e gostava de ser optimista e acreditar que vamos deixar um mundo melhor aos
nossos miúdos.
Lamentavelmente, o Senhor não me
ajuda a acreditar.
Zé
Senhor Professor, sem a sua prévia autorização, que desde já lhe rogo que me perdoe, tomo a liberdade de acrescentar um POST-SCRIPTUM à sua carta.
ResponderEliminarO dito:
Caro Pedro, aos 14 anos (1978) aderiu à JSD e até 2001 sempre gravitou nos meandros da política.
O senhor é tecnocrata da política; não entende e não defende outra coisa a não ser o seu partido e a malha social que o sustenta, ou seja, os muito abastados, os ricos, os muito ricos, os monopólios, especuladores e todos aqueles que fruto da exploração do povo, também enviam os seus milhões para paraísos fiscais fugindo assim aos impostos.
Os restantes que ainda acreditam na sua governação em breve deixarão de o fazer, pois o senhor está a esforçar-se para que isso aconteça.
Por muito que o senhor fuja ás perguntas mais pertinentes e ignore outras, a realidade é esta; O povo, o trabalhador por conta de outrem, principalmente os que auferem vencimentos mais baixos é que estão a pagar a crise que o senhor, seus pares e partidos do arco do poder, contribuíram de uma forma abissal.
Uma coisa eu reconheço: o senhor conhece perfeitamente o povo que governa; sabe da sua passividade, o chamado brandos costumes que esta gente transporta no seu ADN. A essa passividade e brandos costumes deve o senhor a sua permanência como, ainda 1º Ministro.
Sem mais
desejo-lhe uma caduca presença pelo palácio de S. Bento
saudações