AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

AS CRIANÇAS PORTUGUESAS APRENDEM INGLÊS AOS SEIS ANOS. SERÁ?

O Público coloca hoje em título (na edição on-line) que, segundo um estudo da Comissão Europeia, as crianças portuguesas são das que mais cedo iniciam a aprendizagem de uma língua estrangeira, seguindo uma tendência europeia de iniciar precocemente o acesso a uma segunda língua.
Na verdade, a situação real não é exactamente como o título sugere.
A legislação em vigor, o Decreto-Lei 139/2012 de 5 de Julho sobre a organização curricular determina no Artº 9 que: 1 - As escolas do 1.º ciclo podem, de acordo com os recursos disponíveis, proporcionar a iniciação da língua, 2 - A língua estrangeira de Inglês inicia-se obrigatoriamente no 2.º ciclo e prolonga-se no 3.º ciclo, num mínimo de cinco anos, de modo a garantir uma aprendizagem mais consolidada da língua e 3 - A aprendizagem de uma segunda língua estrangeira inicia-se obrigatoriamente no 3.º ciclo.
Em anexo encontramos a referência às Actividades de Extensão Curricular  que, afirma o DL são "Atividades de caráter facultativo, nos termos do artigo 14, incluindo uma possível iniciação a uma língua estrangeira, nos termos do n.º 1 do artigo 9". O citado artigo 14 determina o carácter facultativo e de natureza eminentemente lúdica, formativa e cultural das actividades de extensão do currículo.
Neste contexto, parece-me que não corresponde à situação real afirmar que as crianças portuguesas são das que mais cedo iniciam a aprendizagem de uma língua estrangeira. É abusiva a afirmação. Acontece, isso sim, que algumas crianças portuguesas começam, podem começar, aos seis anos o contacto de "natureza eminentemente lúdica" com uma língua estrangeira, o inglês. Aliás, do meu ponto de vista, o inglês deveria integrar o currículo. No tempo actual é uma ferramenta fundamental de comunicação e acesso ao saber e à informação.
Dadas as dificuldades e os problemas que diferentes estruturas como autarquias, associações de pais, etc., têm experimentado no âmbito das Actividades de Extensão Curricular, poderia ainda ser discutida a qualidade genérica, apesar de algumas boas práticas, das "aulas de inglês" no 1º ciclo, mas isso seria uma outra questão.

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