AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

E AO 12º DIA FEZ-SE BRILHO, DE PRATA

É verdade, quando a nação desesperava e o eterno Comandante Vicente Moura já pensava pela enésima vez em deixar o "comando" do seu Comité Olímpico, Fernando Pimenta e Emanuel Silva mostraram a têmpera dos marinheiros portugueses e ao 12º dia dos Jogos Olímpicos chegaram brilhantemente à prata em K2. 1000 m.
Num país sem "cultura desportiva", como disse Mário Santos, o chefe da Missão de Portugal nos Olímpicos, numa daquelas tiradas cheias de profundidade, e ansioso por medalhas, foram encontrados dois heróis, por alguns dias, poucos, certamente.
Talvez fosse agora a altura certa para o Comandante Vicente Moura, após uma série de intervenções disparatadas, como bem regista o Professor Carlos Fiolhais na sua crónica do Público, se afastar de mansinho desta quinta que governa há demasiados anos sempre num exercício de surf bem conseguido, apanhando bem a onda das prestações dos atletas.
As muitas e significativas vitórias anteriores de Fernando Vicente e Emanuel Silva merecem habitualmente menos primeiras páginas e referências destacadas que as férias de Cristiano Ronaldo ou as centenas de contratações de jogadores por parte de clubes de futebol falidos. Não, não é preconceito, sou um fanático adepto de futebol e praticante durante o tempo que os joelhos permitiram.
Emanuel Silva, em declarações posteriores ao feito de hoje, referiu, "apoiem os olímpicos".  Esta é uma parte do problema, nós apoiamos, saudamos efemeramente, vencedores, compõem a auto-estima e fazem-nos acreditar que também somos bons mas somos menos tolerantes para os que trabalham muito mas não vencem. Aquela gente que está lá, trabalho muito para lá estar, em segundos ou minutos joga-se o trabalho de um ou mais ciclos de quatro anos. Isso deveria ser valorizado, muito valorizado. Relembro que uma das atletas que esteve numa final, Clarisse Cruz, nos 3 000 m, obstáculos, ganhando a presença numa eliminatória em que recuperou de uma queda, afirmou que concilia o treino com o trabalho o que é muito duro e será, provavelmente, a razão da prestação "medíocre" como ouvi de alguns opinadores sobre esta e outros atletas.
Na verdade somos bons, temos gente muito boa em muitíssimas áreas, mas ser bom dá muito trabalho como provam as mãos do Fernando e do Emanuel que a RTP mostrou após a prova, com calos enormes.
Só assim se faz brilho ao 12º dia, de prata.

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