AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sábado, 7 de julho de 2012

A PORTA PARA A RUA

Era uma vez um homem, chamava-se Perdido.
Era de uma terra chamada Nada, onde, praticamente, já ninguém vivia e de nada tinha que se viver.
Ele também partiu. O Perdido passou por muitas terras e achou todas parecidas com Nada. Foi seguindo a estrada que crescia dos pés e tudo, sempre, lhe parecia Nada.
Um dia entrou numa terra que, finalmente, não se parecia com Nada. Ruas, árvores, casas, tudo bonito e arranjado, mas era estranho, não se via ninguém. Começou a bater às portas das casas e acontecia uma coisa misteriosa. A cada porta que batia, ela abria-se e, ao entrar, ficava imediatamente na rua. Em todas se verificou tal estranheza. Devia ser a razão pela qual aquela terra estava deserta.
Perplexo, interrogou os pés e retomou o caminho para algures ou nenhures.
Há vidas assim, como a do Perdido, por mais portas que cruzem nunca se sai da rua.

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