Segundo o Público, mais de 1000 portugueses por
mês procuram o futuro, que por aqui lhes parece improvável, por terras da
Suíça. Este movimento parece retomar o êxodo de algumas décadas atrás em que
também Portugal nos parecia um país sem futuro e um presente triste e fechado.
Várias intervenções de alguns governantes, do meu
ponto de vista lamentáveis, têm contribuído para a ideia de que lá por fora se
encontrará o que aqui parece inacessível, sobretudo para os mais novos, a
possibilidade de um projecto de vida viável, tangível.
No entanto, este movimento contém riscos. De há
algum tempo desencadeou-se, não só para a Suíça, a partida de milhares de pessoas
ou de famílias para países que desconhecem, com uma língua que desconhecem,
muitas vezes envolvidos em processos não devidamente acautelados em matéria de
segurança, condições de vida e trabalho, acabando expostos a situações de risco
e vulnerabilidade.
Há algum tempo, se bem se recordam, o Sindicato
da Construção de Portugal alertava para a existência de "redes
mafiosas" que contratam trabalhadores portugueses para trabalho no
estrangeiro onde são sujeitos a condições de trabalho que configuram
escravatura. Numa altura e que, por razões óbvias aumentam os fluxos de
emigração esta questão é importante. Sublinha-se ainda que entre os países
referidos no alerta do sindicato se incluem países como Inglaterra ou Holanda.
É também conhecida a recorrente situação de
trabalhadores portugueses explorados como escravos em trabalho agrícola
realizado em Espanha.
A exploração e o tráfico de pessoas, um dos mais
florescentes e rentáveis negócios em termos mundiais, alimenta-se da
vulnerabilidade social, da pobreza e da exclusão o que, como sempre, recoloca a
imperiosa necessidade de repensar modelos de desenvolvimento económico que
promovam, de facto, o combate à pobreza e, caso evidente em Portugal, às
escandalosas assimetrias na distribuição da riqueza.
As circunstâncias que atravessamos potenciam o
risco e a vulnerabilidade, aliás, há poucos dias referia-se na imprensa o
aumento da prostituição envolvendo mulheres em extrema dificuldade para
assegurar meios de subsistência familiar.
As pessoas, muitas pessoas, apenas possuem como
bem, a sua própria pessoa e o mercado aproveita tudo, por isso, compra e vende
as pessoas dando-lhe a utilidade que as circunstâncias, a idade, e as
necessidades de "consumo" exigirem.
curta-metragem relacionada com a exploração das pessoas --> http://www.youtube.com/watch?v=Bu4SkIbZ8Tw
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