Algumas notas breves sobre duas notícias da
imprensa de hoje.
O regulador europeu dos mercados financeiros vai
proceder a investigações sobre o funcionamento das agências de notação na
avaliação dos bancos, a Moody's Investors Service, a Fitch Ratings e a Standard
& Poor's.
Como se diz na minha terra, tarde piaste. Estes abutres
sem alma gerem um deus chamado mercado, transformam em lixo quem muito bem
entendem à luz dos seus objectivos de saque imoral e escandaloso, criando
milhões de pobres, esses sim assumindo a condição de lixo.
Estas agências são cabeças de um polvo que as
alimenta e que delas se alimenta, transformam países em lixo, empresas em lixo,
bancos em lixo com critérios que, frequentemente, nem os especialistas entendem
mas que a alguém irão certamente servir.
Talvez seja de recordar que a S&P notou com o
máximo, AAA, o Lehman Brothers dias antes do seu colapso em 2008 com as
consequências que bem conhecemos. Naturalmente que para a agência que promoveu tão rigorosa avaliação não aconteceu nada.
Para essa gente, nós, portugueses, também somos
lixo, os nossos bancos são lixo, as nossas empresas são lixo, enfim, esperamos
agora pela reciclagem de que os abutres ditam as regras e com a qual
continuarão a sacar.
Como diz o povo, só à vassourada, mas não é só no
lixo, é nos abutres que nos transformam e tratam como lixo.
A outra notícia remete para uma
modalidade escolhida pelo governo para promover uma forma manhosa de emprego,
uma espécie de emprego social, . Nos Centros de Saúde desempenham funções enfermeiros
contratados por cerca de 4 € por hora, o que corresponde a um ordenado mensal
de 555 euros brutos, 250 a 300 euros após os descontos, para 140 horas de
trabalho. As acuais condições do mercado, os desequilíbrios entre oferta e
procura, a natureza da legislação laboral favorável à precariedade e
insensibilidade social e ética de quem decide, promovem a proletarização do
mercado de trabalho mesmo em áreas especializadas.
Pagar 300 € mensais a um
enfermeiro não é um vencimento, é um subsídio de sobrevivência. E um escândalo.
Grave
e dramático é que as pessoas são "obrigadas" a aceitar. Os mercados
sabem disso, as pessoas são descartáveis, são lixo, como dizem as agências de
"rating" de que falei acima.
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