No Público de hoje encontra-se um trabalho que
aborda um dos lados mais pesados e inquietantes dos tempos que vivemos, o
desemprego e a precariedade laboral entre os jovens.
A taxa de desemprego para a faixa 15-24 situa-se
agora no dramático valor de 36.2% e na 25-34 é 16.9%, um conjunto devastador
para quem está a começar. Importa ainda sublinhar, na peça sublinha-se tal
facto, que muitos destes jovens têm formação de nível superior. No trabalho contam-se narrativas dramáticas de
alguns jovens que ainda não terão saído da sua "zona de conforto", ou
descoberto como o desemprego pode ser uma "oportunidade" para uma
carreira de sucesso, conforme as insensatas e insensíveis palavras de quem nos
governa.
Há algum tempo, divulgou-se que, dados de 2011,
40% dos jovens entre 15 e 34 anos tem um vencimento inferior a 600€. Ainda
segundo dados do INE é relevante saber que cerca de 8% trabalha a recibo verde
e 55 % tem uma relação laboral precária.
Segundo dados do INE de há meses, 314 000 jovens
não estudam nem trabalham, a designada situação “nem nem”. Estes números,
atendendo à dimensão do país são absolutamente dramáticos.
A precariedade nas relações laborais quase
duplicou na última década. Portugal é o segundo país da Europa, a seguir à Polónia,
com maior nível de contratos a prazo. Por outro lado, as políticas de emprego
anunciadas incluem a maior flexibilização das relações laborais o que,
naturalmente, é coerente com os ventos neo-liberais e o endeusamento do mercado
que tudo permite, incluindo roubar a dignidade às pessoas e promover exclusão.
Deste cenário e dos números do desemprego,
resulta que os mais novos à entrada no mercado de trabalho são os mais
vulneráveis ao desemprego e à precariedade quando, apesar das dificuldades,
acedem a algum emprego. Este quadro, curiosamente, afecta a mais qualificada
jovem de sempre, embora, como sempre afirmo, a sua situação não decorra da
qualificação pois esta será sempre um investimento e não um obstáculo.
Esta situação complexa e de difícil ultrapassagem
tem, obviamente, sérias repercussões nos projectos de vida das gerações que
estão a bater à porta da vida activa. Entre outras, contar-se-ão, os
indicadores mostram-no, o retardar da saída de casa dos pais por dificuldade no
acesso a condições de aquisição ou aluguer de habitação própria ou o adiar de
projectos de paternidade e maternidade que por sua vez se repercutem no inverno
demográfico que atravessamos e que é uma forte preocupação no que respeita à
sustentabilidade dos sistemas sociais.
As gerações mais novas que experimentam enormes
dificuldades na entrada sustentada na vida activa, vão também, muito
provavelmente, conhecer sérias dificuldades no fim da sua carreira
profissional.
No entanto, um efeito muito significativo mas
menos tangível desta precariedade no emprego, é a promoção de uma dimensão
psicológica de precariedade face à própria vida no seu todo e que, com alguma
frequência, os discursos das lideranças políticas acentuam. Dito de outra
maneira, pode instalar-se, está a instalar-se, uma desesperança que desmotiva e
faz desistir da luta por um projecto de vida de que se não vislumbra saída
motivadora e que recompense.
Podemos estar perante as gerações perdidas de que
há algum tempo se falava.
Trinta e oito anos de iniquidade política e consequentes enriquecimentos ilícitos e fraudulentos.
ResponderEliminarÉ na verdade três gerações perdidas omitindo as futuras.
Faz-me lembrar a história dos artigos indefinidos TODOS-ALGUÉM-CADA UM-NINGUÉM.
Existia um importante trabalho a ser feito e pediram a TODOS para ser executado.
TODOS tinha a certeza que ALGUÉM o faria.
CADA UM poderia tê-lo feito, mas na realidade NINGUÉM o fez.
ALGUÉM se zangou, pois era trabalho de TODOS!
TODOS pensaram que CADA UM poderia tê-lo feito e NINGUÉM duvidava que ALGUÉM o faria.
No fim de contas, TODOS fizeram críticas a CADA UM porque NINGUÉM tinha feito o que ALGUÉM poderia ter feito.
MORAL DA HISTÓRIA
Sem querer recriminar TODOS seria bom que CADA UM fizesse aquilo que deve fazer sem alimentar esperanças de que ALGUÉM vá fazê-lo em seu lugar...
PORTANTO...
A experiência mostra que lá onde se espera ALGUÉM, geralmente não se encontra NINGUÉM.
É confuso não é?1
Mas se substituir-mos os artigos indefinidos pelas siglas dos partidos políticos talvez faça mais sentido.
E o povo Português continua a sentir-se como ovelha no meio de lobos.
saudações
ERRATA
ResponderEliminarArtigos indefinidos, NÃO!
Pronomes indefinidos, SIM!
saudações