AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quarta-feira, 13 de junho de 2012

OS EXAMES. O essencial e o acessório

O Público coloca em 1ª página os resultados desastrosos, sobretudo a Matemática, obtidos pelos alunos nas provas de aferição do 4º ano e nos testes intermédios, também de Matemática, do 9º e regista a apreensão com que os professores encaram o que pode acontecer nos exames nacionais do 6º e 9º anos a realizar na próxima semana bem como, fundamentalmente, com o que estes resultados significam em termos de qualidade e futuro.
Na altura da realização dos testes intermédios, a Associação de Professores de Matemática e a Associação Nacional de Professores manifestaram a sua discordância com o modelo de exame, acentuando a sua desadequação aos conteúdos ministrados em muitas escolas. As organizações representativas dos pais associam-se na preocupação, o GAVE defende a qualidade do exame e o MEC diz que as escolas podem fazer o que entenderem por bem com estes resultados, o que é também curioso. A questão é importante e motivo de preocupação, sem dúvida, mas, do meu ponto de vista, deve ser enquadrada e alargada.
Na linha do que tenho vindo a escrever por aqui, reconhecendo a óbvia importância dos exames, até pela relação mágica que o Professor Nuno Crato tem com a existência de exames, parece-me que esta discussão, ainda que pertinente e necessária, realça o acessório e o essencial não é valorizado. Quero dizer com isto que a questão central da qualidade não é a avaliação, mas os conteúdos e os processos de ensinar e aprender. É nesta matéria que temos, creio, de centrar as atenções, na qualidade na extensão e conteúdos dos programas, na correcta definição dos objectivos a atingir, nas metodologias de trabalho de professores e alunos e, finalmente, na disponibilidade de apoios oportunos e eficazes às dificuldades de alunos e professores.
A questão é que, como ontem afirmava, a PEC - Política Educativa em Curso, aumento do número de alunos por turma, concentração excessiva de alunos nos mega-agrupamentos, insuficiência de recursos docentes para os dispositivos de apoio, sobretudo em escolas com piores resultados, as que terão menos crédito de horas numa lógica imperceptível, etc., não nos deixam particularmente optimistas face aos processos de mudança imprescindíveis.
Os dispositivos de avaliação são uma parte fundamental, imprescindível e integrada de todo este processo e não O fim das aprendizagens como parece ser o entendimento do Ministro Nuno Crato.
É evidente que quando se realizam exames, se espera que eles estejam adequados ao contexto em que se aplicam, mas, a montante dos exames, o essencial deve ser acautelado.

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