AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

terça-feira, 12 de junho de 2012

COM EXAMES E TURMAS COM 26 OU 30 ALUNOS A COISA MELHORA

Sem surpresa, constatou-se a descida dos resultados nas provas de aferição em Português e Matemática no 4º ano e conforme esperado nos testes intermédios. No último ano em que se realizaram, no próximo ano lectivo serão substituídas por exames nacionais, os resultados baixaram relativamente a 2011. Em Matemática a descida foi de 68.3% para 53.9% e em Português de 69.3% para 67.3%. O número de alunos com nota negativa aumentou nas duas áreas, sendo que em Matemática foi mais significativo atingindo quase metade dos alunos, 43%.
A análise destes resultados, como é habitual, partirá da apreciação sobre o nível de exigência das provas, da sua adequação face à deriva das mudanças nos programas e será, também como de costume, contaminada pela agenda política.
A minha questão, para além do registo preocupado com estes resultados prende-se com que nos espera.
A função essencial das provas de aferição seria a obtenção de uma avaliação sobre a eficácia e a coesão das aprendizagens dos alunos e do trabalho de escolas e professores, esperando-se que da sua análise decorressem dispositivos de mudança e progresso.
Esta função não é integralmente cumprida pelos exames nacionais, obrigatórios e com impacto no trajecto dos alunos que substituirão as provas de aferição, como, aliás, já tenho aqui referido.
Creio que é consensual a importância das competências e conhecimentos dos alunos em Português e Educação Matemática como duas ferramentas essenciais no acesso ao conhecimento, todo o conhecimento, sobretudo nos primeiros anos de aprendizagem.
Apesar de algumas mudanças de natureza curricular não me parece que estas tenham impacto significativo. Defendo de há muito um primeiro ciclo com seis anos e uma reorganização de conteúdos para estes primeiros anos de escolaridade obrigatória em que o Português e a Educação Matemática devem ocupar um lugar importante. Apesar de algumas iniciativas, recordo o Plano Nacional de Leitura ou o Plano de Acção para  Matemática, os resultados continuam preocupantes.
Acresce que a PEC - Política Educativa em Curso tem vindo a tomar algumas medidas que, do meu ponto de vista, serão parte do problema, não promovem a qualidade da educação e os resultados escolares.
O número de alunos por turma aumenta no 1º ciclo para 26 alunos. Apenas os burocratas da 5 de Outubro acreditam que turmas de 26 alunos, heterogéneas como nunca foram, de uma escola pública qualquer, são facilitadoras do sucesso de alunos e professores.
Os alunos vão concentrar-se em estabelecimentos e agrupamentos com proporções inibidoras de um clima e funcionamento mais favoráveis ao sucesso e à qualidade. Apenas os burocratas da 5 de Outubro acreditam que este movimento é positivo.
As escolas e agrupamentos sentem a maior das dificuldades, devido aos "cortes" nos recursos, em estruturar dispositivos de apoio eficazes e oportunos a alunos e professores. Aliás, curiosamente, o novo modelo de organização das escolas institui exactamente como um critério para maior disponibilidade de horas, por exemplo para apoios, os resultados escolares, ou seja, as que mais precisam menos terão. Só os burocratas da 5 de Outubro acreditam na bondade deste entendimento.
Aguardo as apreciações e reacções a estes resultados mas, na verdade, espero estar enganado, o futuro não parece animador.  A substituição das provas de aferição pelos exames não vai ser a poção mágica, só os burocratas da 5 de Outubro acreditam nisso.

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