AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quarta-feira, 23 de maio de 2012

DISCURSOS PARALELOS. Falas que nunca se cruzam

Pois é Maria, é como te digo, não fazem nada, não ligam aos miúdos, só pensam no que ganham e em trabalhar menos. Se uma pessoa diz alguma coisa ainda é pior, nunca mais fui a uma reunião. E sabes o que é pior. Tomaram o meu Mauro de ponta. Qualquer coisa que aconteça na sala, a culpa é sempre dele. Eu sei que ele não é santo nenhum, mas também não tem a culpa de tudo. Olha, o filho da Idália, a cabeleireira, é muito pior que o Mauro, mas não lhe dizem nada, engraçaram com ele e é sempre o Mauro que paga. Nunca lhe dão ajuda nos trabalhos, aos outros fazem tudo e depois dizem que ele não aprende. Olha que não é por ser meu filho, mas o Mauro de parvo não tem nada, não lhe ligam, é o que é. Se lhe explicassem as coisas como explicam aos outros, o Mauro também aprendia. Sabes o que te digo, já ninguém faz nada, fazem o que querem.
Pois é colegas, temos agora o problema do Mauro e as coisas não correm nada bem como já é habitual. O comportamento, conforme alguns de vós me têm referido, está uma lástima, é insolente e desestabiliza permanentemente a turma. De uma forma geral não realiza as tarefas e está desmotivado.
Devo dizer que não me surpreende. A família dele não se interessa minimamente, não me lembro da última reunião a que alguém estivesse presente. Parecem incapazes de lhe dar algumas regras e maneiras de se comportar. Nunca faz os trabalhos de casa e os pais não se incomodam com isso. Não se preocupam se vem a horas, se traz os materiais adequados, com as notas dele. Enfim, uma família como tantas outras. É evidente que nestas circunstâncias não podemos fazer milagres.

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