AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

terça-feira, 17 de abril de 2012

UMA FAMÍLIA NORMAL E FELIZ

Em encontro hoje realizado em Lisboa, o Cardeal Ennio Antonelli, presidente do Conselho Pontifício para a Família (CPF), afirmou que a criança tem direito a uma família normal que entende como a constituída por homem, mulher e filhos. Sustenta também, com base em estudos sociológicos, que “percentualmente falando, os casados são mais felizes do que os solteiros, os conviventes e os separados”.
As discussões sobre as questões relativas às famílias, formas de estabelecimento de relações estáveis entre as pessoas e as implicações que esses diferentes modelos podem ter na vida dos miúdos estão, naturalmente, na agenda das nossas sociedades.
Na maioria das vezes são abordadas a partir dos quadros de valores de quem expressa a sua opinião. Devo dizer que me parece legítimo a existência de entendimentos diferentes sobre estas matérias.
No entanto, creio que do ponto de vista da criança a questão central será o seu direito a ser bem tratada em todas as dimensões da sua vida. Sabemos todos que viver numa “família normal”, no entendimento do Cardeal Antonelli não defende só por si a criança de atropelos aos seus direitos e de maus tratos muito severos, ou seja, o que é devastador para a criança é ser maltratada e os maus tratos não decorrem do tipo de família, mas da competência e afecto das pessoas que dela cuidam. Quando as crianças são bem tratadas e crescem com adultos que gostam delas, as protegem e as ajudam a crescer elas encontram caminhos para lidar com dois pais ou com duas mães, por exemplo.
O que as crianças quase sempre não sabem como resolver, é quando têm por perto adultos, heterossexuais, constituinido uma "família normal", que não gostam delas, que as maltratam, negligenciam, abandonam, etc. Isso é que faz mal às crianças.
Por outro lado, considerando a maior felicidade dos casados por comparação com outras situações constatada nos “estudos sociológicos”, (cuja análise seria interessante), vale a pena considerar a quantidade de “famílias normais” que por hipocrisia, conveniência ou interesse, se mantêm, quando na verdade, estando “casadas por fora”, estão completamente “descasadas por dentro”. Como também os estudos mostram, as crianças percebem e são afectadas pela qualidade desta família fingida, as crianças não se deixam enganar.
Reafirmando a legitimidade que aceito nas afirmações do Cardeal Antonelli, chamo a atenção para o que de substantivo contém a ideia fundadora do “supremo interesse da criança”.

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