AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sábado, 17 de março de 2012

MEGA-AGRUPAMENTOS, POTENCIAIS MEGA-PROBLEMAS

No novo modelo de gestão das escolas, entre outras alterações, insiste-se no caminho de constituição dos chamados mega-agrupamentos o que me parece inquietante e ao qual muitas vezes me referi no Atenta Inquietude.
Desde sempre tenho defendido que apesar de ser necessária uma reorganização da rede escolar, porque escolas de reduzidíssima dimensão, para além dos custos, não cumprem a sua função social com qualidade, seria absolutamente desejável que se não enveredasse pela criação de mega escolas ou mega agrupamentos. O MEC insiste nesse caminho e não estabelece limites à concentração que para o Governo anterior tinham como média 1700 alunos e como limite 3000.
De há muito que se sabe que um dos factores mais contributivos para o insucesso, absentismo e problemas de disciplina é o efectivo de escola. Não é certamente por acaso, ou por desperdício de recursos, que os melhores sistemas educativos, lá vem a Finlândia outra vez, e, por exemplo, mais recentemente o Reino Unido e os Estados Unidos na luta pela requalificação da sua educação, optam por estabelecimentos educativos que não ultrapassam a dimensão média de 500 alunos. Sabe-se, insisto, de há muito que o efectivo de escola está mais associado aos problemas que o efectivo de turma, ou seja, simplificando, é pior ter escolas muito grandes que turmas muito grandes.
É fundamental que a comunidade tenha consciência deste universo de modo a tentar travar o movimento de construção de autênticos barris de pólvora e contextos educativos que dificilmente promoverão sucesso e qualidade apesar do esforço de professores, alunos, pais e funcionários.
Não conheço nenhuma justificação de natureza educativa que sustente a existência vantajosa de escolas para crianças e adolescentes com 1500 lugares ou mais. A razão para a sua criação só pode, pois, advir da vontade de controlo político do sistema, a grande tentação de qualquer governo, menos escolas envolvem menos directores ou de questões economicistas que a prazo se revelarão com custos altíssimos pela ineficácia e problemas que se levantarão.
O insucesso sai sempre mais caro que o investimento no sucesso.

4 comentários:

  1. Caro professor,

    Não sei se será por ingenuidade da minha parte, mas para mim, uma escola com mais do que 500 alunos já me parece demasiado. E isto se tivermos a considerar escolas secundárias, ou do segundo ciclo. Porque para idades inferiores, eu também reduziria o limite máximo. 1500, 3000, nem consigo sequer conceber.

    E embora isto sejam apenas números, o que não nos diz grande coisa, o que os números me dizem (com base nos estudos que consultei) é que, uma escola com, por exemplo, 40 alunos (no caso de uma primária) permite um conjunto de factores que escolas maiores não permitem, como:

    - uma relação mais próxima entre professores, funcionários e alunos
    - organização de actividades que envolvam a escola inteira e não apenas uma turma
    - uma relação mais próxima com as famílias
    - uma identidade escolar mais fortalecida
    - maior "controlo" de comportamentos disruptivos
    - maior encorajamento à participação de todos

    e, por conseguinte, porque eu estou convicta de que é mesmo importante,

    - um maior sentimento de comunidade.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Olá Anilorac_FM, A questão, como sabe, é que o critério não é qualidade mas €

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  4. Olá Anilorac_FM, A questão, como sabe, é que o critério não é qualidade mas €

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