AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

TRÊS SALGADOS E UMA COLA

Algumas matérias, pela sua importância, justificam referência regular. Um exemplo é a questão da saúde e bem-estar dos mais novos.
Hoje, no Público referem-se os dados do Observatório Nacional da Diabetes evidenciando o já conhecido e preocupante aumento de casos junto da população mais nova.
Embora no caso da diabetes tipo I não seja ainda bem conhecido sabe-se que a obesidade infanto-juvenil, decorrente do tipo de alimentação e sedentarismo tem uma estreita ligação com o aumento inquietante na incidência da diabete tipo II. Os indicadores sobre a obesidade entre a população júnior, apontam já no sentido de um problema de saúde pública.
Retomo um exemplo a que assisti e que aqui já contei. Um extremoso pai, ao meu lado, proporcionava a uma criancinha com 8 ou 9 anos um pequeno-almoço composto de três salgados e uma lata de cola. Curiosamente, na altura, esse texto despertou algumas reacções vindas, creio, de algumas pessoas que entendem que qualquer discurso ou iniciativa no âmbito dos comportamentos configurarão uma intromissão e desrespeito dos direitos individuais. Insisto na necessidade de iniciativas e discursos que promovam comportamentos mais saudáveis sobretudo quando se trata de crianças que são obviamente mais vulneráveis e desinformadas.
Um estudo há algum tempo divulgado pela Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade revelava indicadores preocupantes. Entre os 2 e os 5 anos, 27,4% dos rapazes e 30,8% das raparigas estão em situação de pré-obesidade ou obesidade. Na faixa etária entre os 11 e os 15 anos a percentagem é de 28,6 para os rapazes e 27,8 para as raparigas. Em adultos e sem surpresa os números pioram, 50% dos homens e 30% das mulheres estarão em situação de pré-obesidade ou obesidade.
As consequências potenciais deste quadro em termos de saúde e qualidade de vida são muito significativas, quer em termos individuais, quer em termos sociais. Assim, e como já tenho referido no Atenta Inquietude, um problema de saúde pública desta dimensão e impacto justifica a definição de programas de prevenção, educação e remediação que o combatam.
Provavelmente, teremos algumas reacções contra o chamado “fundamentalismo nos hábitos individuais” mas creio que são também de ponderar as implicações colectivas e sociais do problema. Além de que todos nós sabemos que o excesso de peso não será, para a esmagadora maioria das pessoas nessa situação, uma escolha individual, é algo de que não gostam e sofrem, de diferentes formas, com isso.

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