Pois é, de vez em quando lá me lembro de Karl Valentin e da sua peça, “E não se pode exterminá-los” e por várias razões.
Soube-se hoje que, na linha de implosões sucessivas que caracteriza o pensamento do Ministro Crato, as turmas de Educação e Formação de Adultos que tenham menos de 12 alunos não podem continuar nos estabelecimentos de ensino público, sendo os alunos dessas turmas empurrados para "qualquer outra entidade formadora pública ou privada a funcionar no mesmo concelho ou em concelho limítrofe no caso das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto". Notável. A razão de tal medida é a necessidade de garantir “a sustentabilidade do sistema, através de uma gestão rigorosa dos recursos que lhe são atribuídos" afirmou, julgo que com ar sério, a secretária de Estado do Ensino Básico e Secundário, Isabel Leite.
A educação de adultos tem sido uma resposta importante para muita gente que a partir dos 18 anos procurou a aquisição de competências escolares e profissionais que melhorassem o seu projecto de vida. Neste universo, desenvolveram-se muitíssimas experiências de qualidade, sem martelar estatísticas ou atribuir diplomas de aviário.
Agora, no exercício de contabilidade em que a politica educativa se vai transformando chegou a vez de implodir as turmas EFA com menos de 12 alunos. A ver vamos o que se segue.
Existem uma série de grupos sociais dentro do universo da comunidade educativa que só atrapalham e obrigam a que se gaste dinheiro. Com calma vai ser possível ir erradicando esses grupos que só atrapalham a política educativa do Ministro Crato, adultos não escolarizados, miúdos com insucesso e indisciplinados, miúdos com necessidades educativas especiais, miúdos oriundos de minorias, etc. é tudo gente só vêm complicar a vida do Ministro e ameaçar a "sustentabilidade do sistema".
Talvez a Senhor Secretária de Estado do Ensino Básico e Secundário, certamente por inexperiência e na pressa de implodir, desconheça que existe algo a que se chama Direito à Educação e que os sistemas educativos públicos não são criados para serem "sustentáveis", são criados para atingir os objectivos que lhes competem, evidentemente com racionalidade de custos, com o menor desperdício possível e com políticas preventivas e proactivas, que não tenham como único pensamento inspirador "quantos euros a menos".
Os problemas de muitas pessoas não se resolvem se os varrermos e também não se pode exterminar essas pessoas, por enquanto. Um caminho possível é tentar que elas possam implodir por si, por exclusão.
Os cursos EFA devem ser ministrados em escolas de formação profissional. Tem sentido esta decisão, desculpe não concordar consigo.
ResponderEliminarOlá Rui, os cursos EFA não têm só carácter profissionalizante. Do meu ponto de vista a questão central é a discrimnação, mais de doze, menos de doze e e a justificação, "sistema sustentável". Quanto ao discordar, não precisa de pedir desculpa, a discordância é que nos faz pensar.
ResponderEliminarVá passando