AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

A SALAMANDRA

Há pouco, ao entrar em casa carregando um frio que parece ter vindo para ficar e está bem áspero, o calor brando da salamandra sempre acesa começa de mansinho a produzir um efeito de aconchego que nos aquieta.
Gostamos de acreditar que assim deve ser, entramos em casa e sentimo-nos aquietados, aconchegados, é para isso, também, que serve a nossa casa, a nossa tribo.
Lamentavelmente, não acontece com toda a gente e por diferentes razões. Como quase sempre acontece, penso sobretudo nos mais gaiatos por mais vulneráveis. Na verdade, muitos miúdos quando entram ou estão em casa encontram o calor que aconchega mesmo em casas que, por vezes, estão super-aquecidas com vários e sofisticados aparelhos.
No entanto, falta um calor que aqueça de dentro para fora e não de fora para dentro. São miúdos que vivem com a alma fria, sem a atenção, a boa atenção, que conforta e sustenta.
Bem andava aquela miúda a quem quando se pediu para desenhar a sua família, a colocou toda debaixo de um radiante sol, aconchegados e quentes.
É que o frio faz muito mal aos miúdos, como se lê no notável “O mundo” de Juan José Millás que assim fala, “Quem teve frio em pequeno, terá frio para o resto da vida, porque o frio da infância nunca desaparece”.

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