A Linha Ajuda Internet Segura criada em Junho passado direccionada fundamentalmente para os mais jovens recebeu entretanto 125 chamadas e apenas 10% realizadas por gente nova.
Tal constatação sugere algumas notas. Portugal é um dos países em que os pais menos revelam saber o que os filhos fazem com a Net. É também o país em que as crianças e jovens utilizam mais as novas tecnologias que os adultos. É ainda de referir um estudo divulgado há algum tempo evidenciando que os jovens portugueses já dedicam mais tempo à net e ao telemóvel que à televisão.
Estes dados são reveladores, por um lado, da iliteracia informática dos adultos/pais portugueses que os inibe de tentar acompanhar devidamente as actividades dos filhos neste domínio, cujos riscos de utilização vão sendo identificados. Por outro lado, sublinham a importância que esta actividade assume na vida dos mais novos o que remete, de novo, para a necessidade urgente de promover a alfabetização informática dos adultos.
Por outro lado, neste contexto, utilização das novas tecnologias pelos mais novos e o acompanhamento, ou falta dele, pelos pais creio ainda ser de considerar o impacto nos estilos de vida, designadamente nos hábitos de sono. Haverá certamente outras questões envolvidas mas é significativo que segundo alguns estudos, perto de 50% das crianças até aos 15 anos terão computador ou televisor no quarto, além do telemóvel.
Acontece que durante o período de sono e sem regulação familiar muitas crianças e adolescentes estarão diante de um ecrã, pc, tv ou telemóvel. Com é óbvio, este comportamento não pode deixar de implicar consequências nos comportamentos durante o dia, sonolência e distracção, ansiedade e, naturalmente, o risco de falta de rendimento escolar num quadro geral de pior qualidade de vida.
Acresce a este cenário os riscos de outra natureza, no domínio da delinquência e do chamado cyberbullying, por exemplo.
De facto, estas matérias, a presença das novas tecnologias na vida dos mais novos, são problemas novos para muitos pais, eles próprios com níveis baixos de alfabetização informática. Considerando as implicações sérias na vida diária importa que se reflicta sobre a atenção e ajuda destinada aos pais de forma a que a utilização imprescindível seja regulada e protectora da qualidade de vida das crianças e adolescentes.
Não é, pois, estranho o baixo nível de recurso à Linha Ajuda Internet Segura.
Praticamente 7 meses de existência e apenas 125 chamadas, 15 das quais foram reencaminhadas para Polícia Judiciária, é muito pouco!
ResponderEliminarLeva-me a concluir o seguinte: A iliteracia informática dos adultos não é uma realidade, como diz, ou a maioria dos pais estão pura e simplesmente "borrifando" para os perigos que os filhos correm e deixam que as consequências fiquem ao sabor da sorte.
É característico!!!...
saudações
Talvez não.
ResponderEliminar7 meses, e 125 chamadas, eu diria que é mais duas coisas: 1) a internet é pouco usada em Portugal, e a tal ileteracia de que a entrada no blogue fala é ainda maior do que o suposto 2) poucos conhecem a tal linha (eu por exemplo não conhecia), para começar porque não usam a internet. Ter um computador é giro, é fino, dá um ar modernaço e lá substitui a máquina de escrever nas raras vezes que é preciso. Mas lá por terem não quer dizer que o usem e ainda menos que o saibam usar.
ResponderEliminarAcrescento também o seguinte: os portugueses são dados à coscuvilhice, e ao exagero. A história mirabolante que um amigo dum amigo dum amigo contou é tomada como a mais pura das verdades que tivesse acontecido naquele preciso instante sem sequer pensar duas vezes nos promenores mais mirabolantes. Então no que toca os miudos a mais pequena coisa rapidamente se transforma em paranóia. Por isto, acredito que se a internet fosse usada regularmente pela maioria da população, e tendo em conta a natureza dos Portugueses, a tal linha há muito que teria sido inundada de telefonemas. Como não foi...