AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sábado, 26 de novembro de 2011

ENXERGAR LONGE, FALAVA MALANGATANA

Já por aqui tenho referido a experiência extraordinária que para mim foi ter lidado com o Mestre Malangatana que partiu há algum tempo.
Durante as horas de conversa, em Maputo e em Matalana, o Mestre referia-se de vez em quando a algo como a necessidade de enxergar longe, ter uma visão não apenas centrada naquilo que está, parece, à vista, tanto na arte em particular como na vida, nas vidas, em geral.
Hoje, ao olhar e pensar em tudo o que nos rodeia, lembrei-me do Velho. Parece cada vez mais difícil enxergar longe. Tudo e todos parecem, parecemos, estar centrados no imediato. As ideias, os planos, os projectos esgotam-se no amanhã. Mesmo quando são enunciados com outro horizonte temporal, a falta de convicção e a transparente ausência de rumo, de rumos, não se consegue enxergar longe.
Neste universo de crise e dificuldade em perceber rumos e trajectórias ainda mais as lideranças, as diferentes lideranças, assumem um papel fundamental no sentido de contribuírem de forma proactiva para a mudança, a transformação, que só enxergando mais longe se torna possível. Não, não se trata de uma perspectiva messiânica que ilumine o caminho, trata-se de uma visão que ultrapasse os próprios pés, o agora e os interesses imediatos. Falo de uma visão não centrada nos poderes com um objectivo em si mesmo mas sim como ferramentas de mudança, qualquer que seja a escala considerada. Falo da necessidade de uma visão centrada nas pessoas e nos caminhos que sirvam as pessoas, todas as pessoas.
É Velho, estavas a enxergar longe quando dizias que não se enxerga longe, chegámos aqui. Assim.

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