AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

O CAJÓ ESTÁ PREOCUPADO COM A CRISE

Um dias destes, numa deambulação apeada, passei ao pé da oficina do meu amigo Cajó, o que tem o Punto kitado que, como ele diz, bate-se com os A3 nos picanços.
Como é costume quando ali nos encontramos, pomos em conversa em dia no café do Pardal amparados a umas "mines", como sabem a palheta seca a palavra.
Nos tempos que correm as conversas não fogem à crise e o Cajó, desta vez, pareceu-me preocupado.
Pois é amigo Zé, isto tá no fundo. O pessoal anda mesmo sem papel e não aparece nada de jeito, só cenas que não dão nenhum. Agora os gajos vão aumentar os impostos e tirar ordenados ao pessoal. Vai subir o IVA. A gente aqui até nem leva o IVA, fica mais baril e o pessoal sempre paga menos. mas até tão a sacar nos subsídios. A minha Odete, você sabe, foi pró desemprego, o horário lá na loja do Centro Comercial era lixado e ela, esperta, agarrou-se ao desemprego. Aqui há dias chamaram-na mas queriam que ela fosse para uma cena onde ganhava meia dúzia de euros a mais que o subsídio e ainda tinha que pagar os transportes. Tá mal. Assim tá em casa a tomar conta dos putos, mas já ouviu dizer no cabeleireiro que vão tirar o fundo de desemprego. Estes gajos só sacam, não dão nada.
Mas você repare que o dinheiro não chega para tudo.
Os gajos que cortem nas cenas em que tão-se a encher. O meu sogro, o Abel, tem tado de baixa e ia-se orientando aí nos biscates e dava para fazer umas flores. Já ouvi dizer que os gajos querem acabar com as baixas. Já disse ao Abel pó gajo tar a pau se aparecer algum bacano com pinta lá na obra, pode ser um fiscal e sacam-lha a baixa.
Mas se o homem não está doente ...
É pá, ó amigo Zé não seja tótó, um gajo tem que se orientar, se você não tem guito que chegue ao fim do mês, o que é que faz, orienta-se. E ainda lhe digo uma coisa amigo Zé, os grandes quando se orientam é aos milhões, não é como a gente que continuamos a vergar a mola. Isto tá muita mau, muita mau mesmo.
Paguei as "mines" ao Pardal e despedi-me do Cajó. A crise é grande. Maior e mais grave do que o Cajó imagina.

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