AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

A HISTÓRIA DA MENINA QUE NUNCA TEVE UM BOM

Era uma vez uma menina chamada Maria. Tinha 11 anos e não era muito bonita. Há meninos que não são. A Maria também não era muito boa aluna, os colegas tinham sempre melhores notas que ela. E até se esforçava. Às vezes tinha dúvidas, os professores ajudavam, mas como era pouco tempo ainda ficava sem saber algumas coisas. Queria e tentava fazer os trabalhos de casa, mas o pai e a mãe não sabiam ajudar porque tinham andado na escola pouco tempo e o irmão era mais novo. A Maria era uma miúda triste.
Um dia, a directora de turma perguntou-lhe porque assim estava, quase sempre triste. Escondida atrás de uns olhos grandes, esses sim, muito bonitos mas baços, disse baixinho, “Eu nunca tive um bom, nem sequer um bom pequeno. Gostava tanto de ter um”.
Umas aulas depois a professora avisou, como sempre, que ia haver teste. A Maria, como sempre, ficou assustada. Depois de o fazer, achou que tinha corrido bem. Quando a professora devolveu os trabalhos a Maria viu escrito em letras gordas, Bom, GRANDE. Os olhos que já eram grandes, ficaram maiores, até ela se sentia mais crescida. Os pais contaram aos vizinhos. A Maria, podia não ter sempre notas tão altas como outros colegas, mas já tinha tido um bom. Um bom grande, aquele bom grande.
A professora também ficou Grande. Amiga.

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