AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sábado, 13 de agosto de 2011

ÉS EXCELENTE, MAS JÁ NÃO CABES, TEM PACIÊNCIA (take 2)

Da proposta de avaliação dos professores ontem entregue pelo MEC aos seus representantes, apenas conheço o que a imprensa de hoje veiculou. Parece-me positivo o alargamento dos ciclos de avaliação, a utilização de avaliação externa, embora não para todos os docentes pelo que importará perceber como será operada e a maior responsabilização do Conselho Pedagógico. Um aspecto contemplado e que me parece discutível remete para o facto de os professores em final de carreira, a partir do 8º escalão, não estarem sujeitos a avaliação.
Esta decisão decorre, creio, do princípio base de que a avaliação tem como fim último e quase exclusivo, ordenar a progressão na carreira, o que me parece pouco. A avaliação é uma ferramenta de desenvolvimento profissional e de promoção da qualidade, pelo que deve estar sempre presente.
Este mesmo princípio, a avaliação destina-se “apenas” a estruturar a progressão na carreira, leva à questão central e que se mantém, a incontornável matéria das quotas.
A tutela, desde há muito, com o assentimento dos representantes dos professores, colou, erradamente, do meu ponto de vista, a avaliação à progressão na carreira. Já disse e repito, que a progressão na carreira me parece mais ajustada se for realizada através de concursos com critérios transparentes, entre os quais, obviamente, estará de forma valorizada a avaliação de desempenho ou seja, quando vários professores concorrerem a patamares acima na carreira, os que melhor desempenho tiverem, terão, naturalmente, mais probabilidades de progredirem.
Por outro lado, tenho a maior dificuldade em perceber como se pode promover o mérito se, simultaneamente, se definem quotas para a excelência. Mais uma vez vejamos. Se um qualquer profissional, à luz dos critérios, sejam quais forem, que avaliam a qualidade do seu desempenho, merecer uma avaliação de excelente, tem, necessariamente, de obter esse patamar, dizer-lhe que é excelente mas já não cabe na quota de excelência é atacar o mérito e incentivar a desmotivação.
Há uns anos, ouvi o anterior Primeiro-ministro defender a existência de quotas com o argumento de que um exército não pode ter só generais. É claro e é disparate mas colhe em algumas franjas. Um general e um soldado não têm as mesmas funções e, portanto, não são se imagina a mesma necessidade de efectivos. Um professor em início de carreira é tão professor como um colega em fim de carreira que pode desempenhar exactamente as mesmas funções, não tem nada a ver com quotas.
Do meu ponto de vista, a insistência, a acontecer, na manutenção de quotas é manter um terrível equívoco que se pode traduzir, simplificando, no enunciado, “és excelente, tem paciência, mas já não cabes”.
Não entendo.

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