O universo da saúde em Portugal sustenta duas manchetes na imprensa de hoje. No CM em primeira página pode ler-se "Médicos com ordem para receitar menos" remetendo para orientações da Direcção-geral de Saúde no sentido de economizar a prescrição de antibióticos nas unidades do SNS.
No I a notícia é "IPO deixa milhões em caixotes", referindo material de radioterapia comprado há sete anos por quatro milhões de euros envolvendo duas máquinas, uma das quais continua sem funcionar, situação detectada por uma auditoria do Tribunal de Contas.
Estas duas notícias ilustram algo de profundamente característico e preocupante do nosso funcionamento. Por um lado, temos o corte de meios em áreas absolutamente sensíveis para vida e bem-estar das pessoas, os medicamentos, embora se entenda que deva ser combatido, se existir, o excesso de prescrição, quer por razões económicas, quer por razões de saúde pública.
Por outro lado, temos mais um exemplo de irresponsável desperdício dos dinheiros públicos, um equipamento, certamente necessário, no valor de milhões de euros e que se encontra inoperacional desde a sua aquisição, há anos.
É certo que vivemos naquela terra onde acontecem coisas pelo que a capacidade de ficar perplexo é inesgotável mas é difícil acreditar como a incompetência impune permite que situações destas se verifiquem quando são conhecidas todas as dificuldades que atravessamos.
Como é evidente e habitual entre nós, ninguém será responsável técnica ou politicamente por esta situação.
E assim se cumpre Portugal.
A relação farmácia e equipamento hospitalar com os laboratórios sempre foi promíscua e lesiva dos interesses sociais.
ResponderEliminarOs caixotes com material farmacêutico comprados à sete anos, ainda se reportam a tempos em que a confusão, interesses pessoais e irresponsabilidades estava em declínio mas ainda bem viva e activa.
Como todos sabemos compras em quantidades desnecessárias tinham como prémio oferta de: viagens, relógios, electrodomésticos. computadores, canetas vip no preço, etc., etc., etc...
Parte do excedente ainda podia ser devolvido ao laboratório seis meses antes de expirar o prazo mas o escandaloso tinha que ser bem disfarçado até que a responsabilidade se dilui-se no tempo e escondida nos caixote em terrenos bem discretos no armazém.
Nesta situação concreta plagio o Sr. Prof. José Morgado e digo: E ASSIM SE CUMPRE PORTUGA
Esta má língua talvez seja apenas a deformação que é latente na maioria dos portugueses porque na realidade
o povo é legalista e confiante em todos os que administram os bens comuns.
saudações