AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quinta-feira, 7 de julho de 2011

A LEITURA REGIONALIZADA DOS RESULTADOS ESCOLARES

O Público de hoje apresenta um primeiro trabalho sobre os resultados dos exames de 2010. Estes resultados que alimentam a construção dos discutidos rankings, que a seu tempo surgirão, merecem algumas notas.
Em primeiro lugar, considerando os resultados globais agora apresentados, não diferenciando ensino privado de ensino público, estes exprimem as "tendências" habituais.
As regiões litorais apresentam resultados globalmente mais positivos que as do interior e os pólos de Lisboa, Coimbra, Porto e Braga correspondem a zonas com resultados mais positivos. Verifica-se também, globalmente, resultados mais baixos nas regiões autónomas.
Não poderia deixar de ser assim. Para quem conhece um país litoralizado e assimétrico e em particular o país educativo estes dados são previsíveis.
Neste contexto, a questão central do meu ponto de vista é o que fazer. Ou aceitamos a fatalidade de pagar um preço pela periferia, aceitando a normalidade destes resultados atribuindo-os a factores estáveis e, portanto, não susceptíveis de ser combatidos ou importa perceber, para além dos diagnósticos as terapêuticas. Aqui volto à minha velha questão de que só mais exames não adianta, eles replicarão este cenário. É necessário cortar este circuito mil vezes repetido. Uma ideia de teor liberal que alimenta a obsessão pela excelência decorrente de mais exames, sendo de promover, não pode transformar-se numa espécie de cruzada “neo-darwinista” que produz exclusão. Conhecem-se histórias, ao nível de escolas públicas, que recusam matrículas a alunos que lhes possam ameaçar os resultados que virão a ocupar nos "rankings" de escolas.
Sendo um defensor intransigente de uma cultura e prática de exigência, avaliação e qualidade, parece-me bem mais importante o aprofundamento dos mecanismos de autonomia e responsabilização e a constituição obrigatória em todos os agrupamentos ou escolas de Observatórios de Qualidade dos processos educativos, não burocratizados, que integrem também elementos exteriores à escola. Existem capacidade técnica e recursos. Não estou a referir-me aos procedimentos em vigor de avaliação das escolas que me parecem pesados e, por vezes, de eficácia comprometida.
O trabalho realizado por esses Observatórios, este sim, deveria ser divulgado e discutido em cada comunidade e passível de leituras articuladas com os resultados nacionais.

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