Não sou um especialista na área do direito, por isso, as notas que aqui vou deixar serão certamente um conjunto de disparates.
Se alguém quisesse escrever um manual de como criar numa comunidade a ideia de que um sistema de justiça é mau, manipulável através dos expedientes manhosos que esse próprio sistema produz e alimenta e protector de interesses corporativos e fortes socialmente, escolheria como exemplo prático o caso do psiquiatra do Porto, condenado a pena suspensa por comprovada e confessada violação no consultório de uma sua paciente deprimida e grávida e posteriormente absolvido de forma terrorista e incompreensível pelo Tribunal da Relação, com o inimaginável argumento de que não utilizou violência susceptível de ser considerada crime.
Para completar este tenebroso episódio, o Sr. Dr. foi agora suspenso por dois meses, sim, leram bem, dois meses do seu trabalho no IDT pela Inspecção-geral das Actividades de Saúde. A pena é só de dois meses porque o acto foi praticado no consultório privado e não num serviço público. Depreende-se assim, que a gravidade não está no comportamento mas no local onde se realiza, estranho critério.
É por decisões deste tipo que sempre entendo, como muitas outras pessoas, que o sistema de justiça e a percepção social instalada sobre esse sistema são um dos aspectos que mais comprometem a qualidade da nossa vida cívica e a construção de um sentimento de impunidade comportamentos e de impotência das vítimas que têm efeitos devastadores.
É evidente que o estado em que se encontra este País, começa pelos que devem (deviam) pugnar para que a Justiça se realize na sua plenitude e não vagueie ao sabor de incompetentes e insensatos, quantos deles produto dos exames "had-hoc", também estes um sub-produto da "revolução dos cravos", que há muito nos indigna.
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