Realizou-se hoje o teste intermédio de Matemática, depois de se ter realizado há dias o de Português. A discussão sobre a introdução de mais momentos de avaliação no nosso sistema educativo, algo de recorrente e cíclico, pode estar em aberto uma vez que o CDS-PP no seu programa eleitoral, partido que vai integrar o governo, defende a introdução de exames nacionais em todos os ciclos.
Estas provas promovidas pelo ME destinadas a alunos do 2º ano do 1º ciclo, a que muitas escolas aderem, cumprem o objectivo de procurar indicadores sobre a eficácia do sistema, o que me parece importante no sentido de promover qualidade, exigência e rigor no sistema educativo esperando-se que as provas sejam adequadas, bem feitas e fiáveis em termos de resultados.
Os alunos prestam estas provas e, se funcionar como se espera, os resultados servirão de regulador ao trabalho desenvolvido pelas escolas. Conhece-se a tentação de se facilitarem os dispositivos de avaliação para inflacionar resultados. Este risco está também presente, é óbvio, em exames nacionais como, aliás, está patente nas discussões aquando da sua realização.
Neste quadro, não vejo vantagens, independentemente dos custos em tempo, meios e procedimentos, na introdução de mais exames como forma de melhorar a qualidade. Esta ideia parece decorrer da estranha convicção de que se medir muitas vezes a febre, esta irá baixar o que é, no mínimo, ingénuo.
A qualidade promove-se, é certo, com a avaliação rigorosa e regular das aprendizagens, naturalmente, mas também com a avaliação do trabalho dos professores, com a definição de currículos adequados, com a estruturação de dispositivos de apoio a alunos e professores eficazes e suficientes, com a definição de políticas educativas que sustentem um quadro normativo simples e coerente e modelos adequados de organização e funcionamento das escolas, com a definição de objectivos de curto e médio prazo, etc. O problema é que de há muitos anos a educação anda à deriva das agendas políticas.
A defesa de mais exames, como muitas vezes é feita, este é mais um exemplo, corre o risco de sustentar um discurso demagógico, as referências a exigência e a rigor vendem bem, que deixa de lado os aspectos mais essenciais.
Não defendo mais exames. Mas defendo que a avaliação seja mesmo avaliação. Que não se transitem meninos de ano só porque sim. Que não sejam necessárias horas e horas de trabalho burocrático para justificar uma retenção. Já agora, defendo também que todos os que precisem possam beneficiar de apoio para chegarem onde chegam os outros, mas isto talvez seja sonhar demais....
ResponderEliminar