AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quarta-feira, 25 de maio de 2011

A ATITUDE DOS MÉDICOS E A COMUNICAÇÃO COM O DOENTE NO PAÍS REAL

Ao que refere o Público, no âmbito do Sistema Integrado de Avaliação de Desempenho adaptado à carreira médica são identificados os parâmetros de avaliação deste grupo profissional.
Como é óbvio, a avaliação de desempenho é uma ferramenta imprescindível à promoção da qualidade e eficácia de pessoas e instituições pelo que faz todo o sentido definir um modelo de avaliação para os médicos.
As minhas dúvidas começam quando entre os critérios se enuncia produtividade e "atitude profissional e comunicação" com colegas, superiores, doentes e utentes.
Sabe-se que existem muitos milhares de pessoas sem médico de família que lutam por uma consulta, sem garantia de a conseguir, indo a meio da noite para a porta do centro de saúde. Sabe-se que existem médicos de família que são responsáveis por milhares de doentes. Muitas das pessoas que recorrem às consultas são idosas que frequentemente sofrem de solidão que se minimiza no convívio com outros sós na sala de espera e na atenção de um médico que escuta, por vezes, mais a dor da alma que as dores do corpo.
Neste cenário como avaliar "atitude" e "comunicação". Já estive envolvido em circunstâncias, pessoais ou acompanhando familiares, em que o médico claramente estava pressionado pelo tempo que (não) podia dedicar, a atitude que não podia demonstrar, a comunicação que não podia estabelecer. As muitas pessoas com horas de espera na sala inibem-no na "atitude e comunicação" e pressionam-no na "produtividade".
Insisto que não está em causa a avaliação e a sua necessidade. Mas a realidade de muitos do centros de saúde em Portugal é ela própria a maior ameaça à "produtividade" e à "atitude e comunicação".

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