AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

segunda-feira, 9 de maio de 2011

AS DISTÂNCIAS A QUE USAMOS OS MIÚDOS

Em muitas conversas com pais emergem com alguma frequência falas que relatam dificuldades em entender os miúdos, mais pequenos ou mais crescidos. Como muitas vezes refiro, os miúdos continuam a ser providenciados sem manual de instruções o que, naturalmente, não facilita a tarefa de os entender.
Pode parecer estranho mas creio que algumas, apenas algumas, destas dificuldades em compreender, às vezes digo "ler", os miúdos têm a ver com as distâncias a que os usamos e queremos entendê-los.
Reparem, os miúdos à medida que crescem vão ganhando distância em relação aos pais, umas vezes ainda estão ao colo, outras afastam-se para mais longe. Estes movimentos vão-se equilibrando e assim parece mais positivo, umas vezes mais por perto para sentirem o colo e o aconchego, outras vezes mais afastados para poderem crescer por si e para si, para serem autónomos, ou, como diria Mestre Almada, para "saber tomar conta de si".
Acontece que, por razões variadas, muitos pais continuam a usar os miúdos demasiado perto ou, pelo contrário, outros pais sem se dar contam deixam que os miúdos se afastem demais, voltem pouco e fiquem ou se sintam longe de si. Simplificando um pouco, se aproximarem demais o rosto deste ecrã não percebem as letras que aqui estão e se se afastarem de mais também deixam de as perceber.
Sendo certo que os miúdos em todas as idades precisam de proximidade, tanto quanto precisam de distância, a questão é mesmo de equilíbrio no uso das distâncias que usamos para olhar para eles, no fundo a distância a que os usamos.
E muitas vezes é mesmo necessário recuar um pouco, ou, pelo contrário aproximarmo-nos um pouco, poder dizer, "agora compreendo-o".
É só o que precisamos, os miúdos e nós.

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