AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quinta-feira, 14 de abril de 2011

OS CAMINHOS DO PODER

O dirigente da Federação Nacional de Educação, João Dias da Silva, lança publicamente aos partidos políticos um apelo no sentido de acabarem com o "ziguezaguear das políticas educativas". Não é certamente o primeiro apelo desta natureza que se ouve na sociedade portuguesa.
No entanto, a cultura e praxis política que temos tido nas últimas décadas torna tal cenário algo de improvável. A partidocracia instalada leva a que, na generalidade das matérias, os interesses partidários se sobreponham aos interesses gerais, a conflitualidade que sendo importante e muitas vezes estimulante e promotora de mudança, é assente em corporações de interesses e clientelas que inibem a definição de rumos e de perspectivas que visem o interesse geral.
No universo mais particular da educação, devido ao peso e impacto social do sector, é ainda mais óbvio a presença de interesses antagónicos que decorrem bem mais dos interesses da partidocracia do que da verdadeira preocupação com a qualidade dos processos educativos. Veja-se o espectáculo deplorável proporcionado nos últimos dias da curta legislatura que agora termina, quando todos os partidos da oposição rejeitaram o modelo de avaliação dos professores. O modelo era mau, não deveria ter entrado em vigor e foi tolerado há tempos mas nessa altura ainda não se vislumbrava a proximidade de eleições. Logo aí deveria ter sido chumbado e não agora porque se pretende contar com os votos dos professores nas eleições que se seguem. Esta atitude, decorrente da agenda de interesses partidários permitiu que as escolas se envolvessem tempo demais em processos de avaliação de má qualidade, burocratizados e com efeitos para os envolvidos que ainda se desconhecem e com óbvias consequências no clima das escolas.
Gostava de poder ter um discurso mais optimista, mas muito provavelmente continuaremos a assistir à continuidade da deriva e do digladiar de interesses partidários, promovendo política pequena onde era imprescindível política grande.

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