AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sexta-feira, 18 de março de 2011

OS DESEMPREGADOS, OS MAL EMPREGADOS E OS PRECÁRIOS NÃO ANDAM BEM

Mais um estudo divulgado e com resultados muito interessantes, desta vez realizado na Austrália sobre a relação entre saúde mental e trabalho. Confirmou-se que as pessoas desempregadas têm pior saúde mental que as pessoas com emprego o que o senso comum dirá. Lembro-me de uma célebre resposta de um conhecido futebolista português que ao ser interrogado numa entrevista sobre se não sentia stress antes do jogo, respondeu qualquer coisa como, "stress é chegar ao fim do mês e não ter dinheiro para dar de comer aos filhos".
Mas o estudo vai ainda mais longe e conclui que empregos mal remunerados, com grandes cargas de stress ou incertos no futuro (nota do tradutor - "incerto no futuro" é tradução para australiano do termo português "precário") também não fazem nada bem, antes pelo contrário, podem fazer mais mal. Esta conclusão merece uma reacção típica em Portugal, "A sério?! Não posso".
Na verdade, quem iria imaginar que ganhar pouco, sentir problemas e pressão ou temer a perda do emprego poderia comprometer a saúde mental das pessoas. O Público que divulga este estudo ouviu especialistas portugueses que acham que uma explicação para tal fenómeno pode advir da existência de apoios sociais excessivamente generosos aos desempregados que assim não se sentem tão mal quando comparados com o desgraçados que estão mal empregados. Bem visto.
Estou com alguma curiosidade de saber se algum dos especialistas portugueses estará interessado em replicar o estudo australiano na nossa realidade. Talvez obtivéssemos resposta à questão sobre quem se deprime mais depressa, um desempregado sem subsídio de desemprego, um desempregado com subsídio de desemprego, um trabalhador com contrato precário ou um trabalhador com o salário mínimo que faz um trabalho de que não gosta e o pressionam o tempo todo.
Ainda vamos ficar a perceber porque é que somos um dos países com maior consumo de anti-depressivos.

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