O JN de hoje titula em primeira página "Violência contra idosos dispara nos primeiros meses do ano". O trabalho revela um aumento exponencial de queixas, ainda que as queixas apresentadas sejam aparentemente a ponta do icebergue. É também afirmado que, de acordo com um estudo europeu, os idosos portugueses são os que mais são vítimas de abusos financeiros.
Sabemos como o mundo é composto de mudança tomando sempre novas qualidades, Camões disse-o no séc. XVI. No entanto, as novas qualidades que o mundo toma nem sempre parecem qualidades. É o caso deste aumento exponencial de casos de violência e abusos dirigida a idosos que emerge nas sociedades actuais.
Uma das alterações mais significativas dos últimos anos, na minha opinião, é a percepção social dos traços de autoridade, ou seja, a forma como a generalidade das pessoas encara a autoridade através de diferentes traços. A título de exemplo, uma farda era percebida como um traço de autoridade, algumas profissões eram percebidas como um traço de autoridade, por exemplo, os professores, médicos, funcionários da administração pública, etc. eram percebidos com autoridade, a idade, é este o meu ponto, era também percebida como um traço de autoridade. Deste quadro resultava que, para a generalidade das pessoas, a presença destes traços era suficiente para inibir comportamentos menos ajustados. Só para dar um exemplo, quando eu era pequeno, bastava a entrada do professor para que nos calássemos. No que respeita aos velhos ainda me lembro de expressões como “tenho respeito pelos seus cabelos brancos” ou “respeito-o pela sua idade”.
Hoje em dia, com a alteração da percepção dos traços de autoridade, já não basta a sua presença para regular comportamentos pelo que, também por aqui, se pode perceber este aumento da violência contra os velhos. Isto significa que, mais do que nunca, os processos educativos precisam de entender e adaptar-se a estas mudanças para que os valores embora, volto a Camões, tomando sempre novas qualidades, se mantenham como qualidades.
Como sempre afirmo quando me refiro a questões de valores e educação, sublinho que uma educação para os valores e com valores não significa uma educação para a santidade.
[muito oportuna a reflexão, para quem ainda teima em entender e "medir" o reflexo do grau de civilização duma sociedade pela forma como trata ou deixa de tratar os seus "elos mais fracos"... e a nossa realidade, não só aqui no quintal, como no resto da aldeia mais global, em matéria de valores abre questões para deixar qualquer pobre alma, muito apreensiva: para o bem e para o mal, "tudo" começa na nossa casa... mas onde fica "a nossa casa"?]
ResponderEliminarUm abraço,
Leonardo B.
Crise de valores no mundo contemporâneo.
ResponderEliminarCrise de valores na escola.
Crise de valores na sociedade actual.
Crise valores morais.
Crise valores na família.
O sentido global da vida indivídual e comunitária, não se inspiram em padrões éticoa de valores, preferindo aluir ao sabor de critérios imediatistas, consumistas, hedonistas e pragmáticos.
São estes oa exemplos que transmitimos aos jovens.
SE É REGRA OU EXCEPÇÃO... FRANCAMENTE NÃO SEI!
saudações