AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

VIDA TEMPERADA, BEM TEMPERADA

Pois é, mudam-se os tempos mudam-se as vontades. Durante muitos anos "pãozinho sem sal" era algo de negativo, ninguém queria ser um "pãozinho sem sal". Então quando era uma rapariga a achar que éramos um "pãozinho sem sal", a auto-estima ficava de rastos. De há uns tempos para cá, com o abaixamento do teor de sal no pão, "pãozinho sem sal" poderá tornar-se elogio, significará certamente alguém de saudável, com bom senso e com o "tempero" adequado. Para muitos virá tarde a mudança.
Mais a sério, a regulamentação de matérias que impliquem comportamentos no chamado estilo de vida, consumo de álcool e tabaco são bons exemplos, despertam sempre alguma reactividade e alguns discursos que referem o excesso de intromissão em áreas que consideram do foro das liberdades individuais. Entendo os discursos mas compreendo e aceito que comportamentos que se transformam em grandes problemas de saúde pública possam ser objecto de regulação sem ferir os direitos e liberdades individuais.
Serve esta introdução para sublinhar a informação hoje divulgada pela Sociedade Portuguesa de Hipertensão de que os nossos hábitos alimentares levam a que as crianças consumam quatro vezes mais sal que a dose diária recomendada pela OMS. Segundo a mesma fonte, 12% das crianças e jovens entre os 5 e os 18 anos são hipertensos e este consumo excessivo de sal reduz em 10 anos a esperança média de vida.
Tal quadro, a par de outras situações decorrentes dos hábitos alimentares, lembro por exemplo a prevalência altíssima de casos de diabetes tipo II entre os mais novos, pode configurar um problema sério em termos de saúde pública.
Parece-me pois necessário que nos espaços educativos, familiar e escolar, se reforcem a informação e algumas iniciativas que possam contribuir para que este tipo de problemas de alguma forma se minimizem.
Continuo a pensar que este tipo de precauções e discursos não fere os direitos individuais nem espelha qualquer atitude fundamentalista. Trate-se sobretudo de proteger e promover a qualidade de vida colectiva.

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