O Expresso divulgou mais uma peça fornecida à Wikileaks em que o embaixador americano em Lisboa, em trabalho dirigido para Washington a propósito da compra de material militar, afirma a nossa apetência pela compra de "brinquedos caros e inúteis” e que o fazemos por “orgulho”. Aparecem ainda algumas referências às chefias militares e à liderança política do Ministério da Defesa.
Em primeiro lugar, a leitura do material divulgado permite admitir que se, eventualmente, a compra do material militar fosse realizada a fabricantes americanos, talvez o discurso do embaixador americano fosse diferente.
Em segundo lugar, consideremos a compra de brinquedos caros e inúteis. Creio que é verdade, parece algo de inscrito no nosso funcionamento embora não simpatize com a apreciação vinda de um embaixador americano. Gostamos de gastar, de viver acima das nossas posse e de mostrar que “também temos o que os outros têm, até mais”. A política portuguesa nos últimos anos, não só no Ministério da Defesa, obedece ao mesmo estilo, rotundas, betão, auto-estradas, estádios do Euro, TGV, etc., etc.
No entanto, este modelo não é um exclusivo da liderança política. De uma forma geral, as famílias e os indivíduos seguem o mesmo estilo de vida, é apenas uma questão de escala.
Se bem repararmos, até os mais novos vão crescendo envolvidos no entendimento de que “és o que tens” pelo que, não importa como, temos de ter se não, não somos. Independentemente das disponibilidades materiais temos de ter “aquele” carro, “aquela” roupa”, “aquele” plasma, “aquele” telemóvel, “aquela” viagem, “aquela” mobília, etc.
As fragatas e os submarinos são só mais caros mas a prática é de todos, não vale a pena fingir que só os militares é que gostam de “brinquedos caros e inúteis” por “orgulho”.
Antes fosse, porque então não o fariam da mesma forma, a comunidade não deixaria que tal acontecesse impunemente.
Neste texto em concreto existe uma diferença abissal entre políticos e famílias.
ResponderEliminarOs governantes(políticos) compram os brinquedos caros e inúteis com o dinheiro das famílias.
As famílias compram "aquele carro, plasma, mobília, viagem etc, com o dinheiro que ganham ou contraindo dívidas (é certo) mas que inexorávelmente irão saldar.
Vou citar António Aleixo para expressar de uma maneira branda o que penso dos nossos políticos:
Acho uma moral ruim
Trazer o vulgo enganado
Mandarem fazer assim
E eles fazerem assado.
Saudações