AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

OS ALHOS CHINESES

O Público de hoje aborda a questão do nosso défice, mais um, na questão alimentar. Na última década o balanço entre as importações e as exportações de produtos alimentares agravou-se 23.7%. Como exemplo, é referido que precisamos de importar 60% da carne que consumimos. Em sectores como os lacticínios e os cereais é também importante o aumento das importações.
Esta notícia vem ao encontro da perplexidade com que há uns tempos atrás se comentava aqui em casa o termos encontrado à venda alhos da China no estabelecimento onde nos abastecemos no Meu Alentejo, isso mesmo, alhos produzidos na China. Será possível que não consigamos produzir alhos de molde a não termos de os importar da China?
A partir dos anos 80 sucessivas aplicações completamente selvagens de uma designada PAC - Política Agrícola Comum destruíram quase por completo as relações que nós portugueses tínhamos com a terra e com o mar. Uma criminosa e incompreensível gestão e atribuição de subsídios levou ao abandono das terras e ao abate de boa parte da frota de pesca, tornando-nos obviamente muito mais dependentes da importação dos bens alimentares.
Estarão certamente lembrados das dificuldades sentidas pelo sector leiteiro com dificuldade escoar a produção, o encerramento de centenas de pequenas explorações e, consequentemente, o aumento da importação de leite. Esta questão esteve bem presente na imprensa durante o ano passado.
Este cenário serve, naturalmente, os países europeus com sectores agrícolas fortes e com capacidade política para determinar a criminosa PAC. Com a globalização e com custos de produção baixíssimos, devido a salários miseráveis, também países como a China beneficiam deste estado de coisas.
Por isso, já uma vez aqui afirmei, a aquisição, tanto quanto possível de produtos alimentares produzidos em Portugal parece-me uma questão de cidadania.

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