Em trabalho de hoje o Público de hoje aborda de novo a gravidez na adolescência referindo o nascimento diário de 12 crianças fruto de gravidez em mães adolescentes, dados de 2009 e resultantes de estudo da ONU. Embora se registe uma diminuição Portugal continua a ser um dos países da Europa com mais alta taxa de gravidez na adolescência. Tal facto, evidencia a atenção que esta situação deveria receber. No entanto, ainda não há muito tempo tivemos uma enorme discussão pública sobre a distribuição de preservativos nas escolas e foi possível a perceber a grande disparidade e diferenças de ponto de vista sobre a questão. Parece oportuno relembrar que segundo os especialistas a diminuição do número de partos de adolescentes decorre da prevenção. Embora nestas matérias, como em todas as que dizem respeito à vida das pessoas, se deva considerar o universo de valores em presença, bem diferentes, é fundamental não esquecer as consequências devastadoras e dramáticas que a maternidade adolescente pode implicar. Como referem vários dos técnicos a gravidez surge para muitas adolescentes e jovens como "um projecto de vida na ausência de outros" e num quadro de insucesso educativo.
Sabemos, a experiência mostra, que uma adolescente pode revelar-se uma excelente mãe, tanto quanto uma mulher madura pode ser uma péssima mãe. Não podemos, nem devemos, promover avaliações prévias de competências maternais, a ética e a moral impedi-lo-iam, mas podemos combater discursos hipócritas sobre a educação em matéria de sexualidade e comportamentos de risco. Estes discursos alimentam a manutenção de situações que promovem em adolescentes, muitas vezes sem projecto de vida, um caminho e uma experiência para a qual não estão preparadas nem desejam, e com o risco sério de implicar sofrimento para todas as pessoas envolvidas, a começar, obviamente por uma criança, que sem ser ouvida, entra a sofrer neste mundo.
"Sabemos, a experiência mostra, que uma adolescente pode revelar-se uma excelente mãe, tanto quanto uma mulher madura pode ser uma péssima mãe. Não podemos, nem devemos, promover avaliações prévias de competências maternais, a ética e a moral impedi-lo-iam"
ResponderEliminarMais do que ética ou moral, insurge-se o "parecer bem" que frequentemente substitui uma ética falsamente apregoada e uma moral que nem se sabe bem o que significará. Não sejamos irrealistas, e saibamos ver que uma mãe/pai (acho que quando falamos na paternidade na adolescência também falamos no plural ou será um pré-requisito na paternidade na adolescência o pai eventualmente ir "comprar cigarros lá fora"?) adolescentes são imediatamente rotulados como "incompetentes", "irresponsáveis" e com sorte se poderem ser colocados debaixo de um tapete para ninguém ver, melhor ainda.
Não me leve a mal, mas isto é tão geralmente espelhado que tenho sérias duvidas que qualquer sujeito não faça imediatamente a sua "avaliação prévia de competências maternais". Até porque o texto, apesar de ter o cuidado de ter uns "geralmente","maioria","muitas", tem a sua parte de avaliação simplista e prévia.