AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

CORTA-SE A EITO E DESENRASQUEM-SE

Ao conhecer a determinação cega do corte de 5.5% nos orçamentos das escolas para 2011, lembrei-me desta expressão característica, “vai a eito”, ou seja, "fecha os olhos e foge em frente” numa interpretação livre.
O desespero e a pressa nunca foram bons conselheiros. É conhecido e por demais referido o desperdício na administração pública central, regional e autárquica. Também admito que possa existir algum desperdício na gestão orçamental das escolas e agrupamentos pelo que, com crise ou sem crise, este desperdício deveria ser combatido. Estranhamente parece ter-se acordado para esta realidade só porque existe uma crise, caso contrário, tudo poderia continuar na mesma.
O que se torna difícil é entender que se determine de forma administrativa, sem perceber especificidades e contextos, um corte orçamental e o seu montante. As escolas e agrupamentos tem características particulares desde, por exemplo, a natureza e idade dos equipamentos e recursos, as necessidades de pessoal, os contextos sociais e geográficos em que se inscrevem, as necessidades que apresentam face aos problemas (diferentes) que enfrentam, etc., etc.
É fácil determinar no Terreiro do Paço, com o óbvio assentimento resignado da Ministra da Educação, um corte cego e esperar que os directores das escolas façam o resto.
Só que este resto pode dar mau resultado. O desinvestimento em educação é a pior medida política que se pode tomar.
Do meu ponto de vista, mesmo em crise e por estarmos em crise, a educação tem que sempre ser entendida como área de investimento, maior ou menor, com uma gestão racional e responsabilizada e nunca como um terreno onde se corta a eito e sem realizar “trabalho de casa”. Pode pagar-se muito caro este tipo de decisões.
Na educação não pode valer o “é assim para todos e desenrasquem-se”.

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