AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

ADOLESCENTES BONS, ADOLESCENTES MAUS

O estudo hoje divulgado coordenado por Margarida Gaspar de Matos, realizado no âmbito da Organização Mundial de Saúde, envolvendo uma amostra que acredito significativa e centrado nos estilos de vida e comportamentos dos adolescentes, contém um conjunto de dados muito interessantes.
Em primeiro lugar parece de sublinhar alguns aspectos que, de certa forma, contrariam a representação social sobre a adolescência e sobre os seus comportamentos, habitualmente negativa e pessimista. De facto, utilizando a expressão do Público parece estarmos em presença de uma geração exemplar, quando em termos sociais os discursos e visões são frequentemente catastrofistas. É, aliás, curioso verificar que muitos dos comentários on-line ao trabalho no Público são de negação dos resultados do estudo, ou seja, as pessoas centram-se na sua percepção da realidade e recusam acreditar nos aspectos mais positivos.
No entanto, importa não esquecer que temos problemas que envolvem os adolescentes e jovens que são significativos e não apenas “residuais” como refere Margarida Gaspar de Matos. A título de exemplo, alguns outros estudos, que merecem a mesma confiança, realizados, por exemplo pela universidade do Minho, indiciam que a prevalência do bullying é significativa no universo das escolas estudadas. Há poucos dias foi também divulgado um estudo sobre o consumo do álcool em que se constatava que embora menos pessoas consumissem, muitas das que consomem o fazem de forma excessiva, designadamente entre os jovens.
É ainda importante considerar que este estudo é centrado numa população até aos 15 anos e os seus resultados, em alguns aspectos, são animadores em termos de futuro, mas na faixa a partir dos 16, o grupo etário que até estava fora da influência da escolaridade obrigatória os problemas relativos aos estilos de vida e consumos são importantes como alguns estudos também evidenciam.
Em síntese, tal como os indicadores positivos emergentes do PISA são de saudar, continua a haver muito que fazer e a que estar atento no que respeita aos estilos de vida, comportamentos dos mais novos que se deseja ver traduzidos em projectos de vida positivos e viáveis.

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