AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

domingo, 10 de outubro de 2010

DOENÇA MENTAL

A agenda das consciência marca para hoje a atenção ao Dia Mundial da Doença Mental. Por assim ser, duas notas.
A doença mental é algo que, obviamente, não constitui uma preocupação significativa em matéria de saúde em Portugal. Por outro lado e curiosamente, no discurso comum e, sobretudo no discurso político é muito frequente a utilização, que considero insultuosa, de terminologia própria à doença mental. Todos os dias ouvimos referências às posições ou discursos esquizofrénicos da oposição ou do governo, conforme os registos, às posições ou discursos que se consideram neuróticos ou obsessivos, à banalização do termo depressão, etc. Aliás, tal abuso já foi objecto de uma iniciativa na Assembleia da República no sentido de o combater.
Sabemos também que Portugal tem uma das mais altas taxas de consumo de psico-fármacos da Europa e diferentes estudos sugerem que um em cada cinco portugueses pode ter alguma forma de perturbação do foro da doença mental sendo que a perturbação da ansiedade parece ser a mais prevalente. É também conhecido o efeito que situações ameaçadoras ou de dificuldades podem ter no emergir de perturbações pelo que o cenário dos próximos tempos não se afigura animador.
Tal como o Público hoje refere, temos ainda um número excessivo de doentes mentais condenados ao internamento eterno quando o consenso terapêutico actual passa por um princípio de manutenção do doente mental em situação de integração social em situações variáveis desde a unidade residencial de pequena dimensão e funcionamento familiar com várias tipologias dirigida a problemáticas diversas, à unidade sócio-ocupacional, até às equipas de apoio familiar.
Pretende-se sobretudo evitar o "internamento eterno" e, no caso de crianças e jovens adequar as respostas aos quadros clínicos, sempre na perspectiva de manter um princípio de integração social e comunitária.
Eu gostava de ser optimista mas a experiência tem mostrado que a doença mental é, nas mais das vezes, um parente pobre no universo das políticas de saúde. Vamos ver.

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