AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

OUTONO

É. Chegou o Outono ao meu Alentejo, não porque o calendário o determine mas porque as tarefas mudam. Das do Verão mantem-se, por enquanto, alguma rega, apesar das noites já trazerem algumas branduras que refrescam as plantas.
Estamos no final de Setembro, passou o fim de semana em que se comemora a Senhora D'Aires e em que esperávamos alguma água, os velhos ensinavam que se não chovesse pela feira de Ferreira, certamente choveria na semana seguinte, a da Festa da Senhora D'Aires.
No Meu Alentejo, como sempre em fim de Setembro, estivemos, como diz o Velho Marrafa, de posse das nozes. Este ano a colheita foi boa o que quer dizer que várias noites de lareira no Inverno se usarão para as partir depois de secas ao sol. Apanhar e, sobretudo, libertar as nozes do invólucro é algo que deixa as mãos com um escuro que demora dias a tirar. Já uma vez aqui contei, história do Velho Marrafa, que antigamente, quando não se trabalhava com luvas, havia feitores e agrários malinos que obrigavam as raparigas a apanhar as nozes nas vésperas da Festa para que fossem de mãos sujas. Com as luvas a coisa fica diferente embora, por não ter reparado que uma das luvas estava rota, tenha um dedo "inapresentável" e quase gasto de tanto esfregar.
O tempo ainda deu para outra tarefa de Outono, apanhar as primeiras azeitonas, das mais gradas, para pisar. Pisam-se com um maço de madeira talhado da limpeza de uma oliveira, uma árvore completa, fornece azeitonas, lenha e ferramentas. Depois de uns dias debaixo da fonte, outro privilégio do Meu Alentejo, a água corrente rapidamente lhes tira o amargo, é só pôr sal, temperar e .. costumam ficar óptimas. Daqui a mais umas semanas apanha-se mais alguma para retalhar e na altura de colheita ainda haverá que guardar azeitona para conserva, tarefas do Outono.
Enquanto espero pelas águas que o Outono certamente trará e que permitirão começar a fabricar a terra, ainda tenho tempo para chamar uns nomes feios a uma colónia de saca-rabos que resolveu acampar no monte e esburacar a horta. Não bastava a sociedade que estabelecemos com os melros e demais passarada, nós cuidamos das árvores e eles comem a fruta, nas amoras, por exemplo, mal conseguimos tocar-lhes, uma(s) raposa que "levou" uma boa dose de melancias com o gentil requinte de deixar as cascas inteirinhas com um buraco pequeno, agora ainda chegaram os saca-rabos. Custos da biodiversidade.
É. Chegou o Outono ao Meu Alentejo.

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