O calor áspero que está no meu Alentejo não é um grande estimulante das sinapses e, daí, a dificuldade acrescida de uma ideia.
De repente, lembrei-me, estou safo, de ter reparado que em poucos minutos publicitaram na televisão a realização de duas feiras medievais neste fim-de-semana, em Silves e em Santa Maria da Feira.
Fiquei a pensar na quantidade de feiras medievais que de há uns tempos para cá se encontram por todo o país. Não há concelho que não realize a sua feira medieval. Até existe um Festival Erótico Medieval em Gaia.
Gostava de perceber a razão desta emergente apetência pela recriação dos ambientes medievais e a renhida competição entre as autarquias pela melhor feira medieval. E porquê medieval e não pré-histórica, ou estilo século XIX?
As imagens que frequentemente as televisões passam a fechar noticiários lá mostram esforçados cavaleiros e donzelas, artesãos e nobres de ar compenetrado, além de outros imensos e empenhadíssimos personagens a viverem a sua feira medieval. Há uns tempos até foi notícia um participante habitual que tinha adquirido propositadamente um burro, ou burra não me lembro, para a qual não tinha instalações mas que com a ajuda de vizinhos e familiares lá se desenrascava para manter o burro que leva às feiras medievais. Um militante das feiras medievais.
De facto, não consigo entender esta moda das feiras medievais. Será devida à nostalgia do passado que de vez em quando nos atinge, ou a alguma estranha premonição dos riscos do futuro, uma espécie de “back to basis”?
neste cantinho basta um fazer e dizer que foi um sucesso (real ou virtual, tanto faz) e começa logo o plágio nacional. Somos um povo com políticos sem qualquer imaginação, então copia-se...
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