AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

terça-feira, 24 de agosto de 2010

CERTIFICAR NÃO É QUALIFICAR, DEPRESSA E BEM NÃO HÁ QUEM

Quando me refiro ao Programa Novas Oportunidades, faço sempre questão de sublinhar que o princípio que lhe está na génese, certificação de competências adquiridas fora do percurso é muito importante. Também insisto sempre que o esforço de qualificação dos portugueses é uma batalha que não podemos perder, sem correr o risco de comprometer, mais, o futuro.
Dito isto, retomo o que julgo ser o equívoco fundamental presente em muitas da práticas, a pressão para a certificação como se certificar fosse qualificar. Sabe-se que existem excelentes práticas, excelentes profissionais e gente muito empenhada em processos de desenvolvimento e qualificação pessoal em muitos Centros Novas Oportunidades. No entanto, conhece-se também a enorme pressão para a produção de certificados que não podem, não é possível, corresponder, de facto, a competências adquiridas.
Segundo dados do Pordata, referidos no DN, de 2008 para 2009 os matriculados na via recorrente do ensino secundário passaram de 47177 para 169190, ou seja, quadruplicaram, é obra.
Conhecendo-se o sistema educativo, as razões do abandono e a população genericamente inscrita nesta via, é naturalmente com toda a reserva que se pode entender que este número de matriculados, que na sua maioria serão certificados, possam tornar-se qualificados. É óbvio que alguns dos envolvidos realizarão, felizmente, percursos de qualificação bem sucedidos, os exemplos a que se recorre para defender o Programa Novas Oportunidades das críticas que suscita. No entanto, tal facto não invalida que, apesar do esforço de muitos profissionais envolvidos, todo este processo esteja inquinado por uma pressa de compor estatísticas através de "plásticas" de duvidosa competência como são alguns "Portefólios Reflexivos de Aprendizagem".
Quando e se houver uma avaliação isenta e séria às competências adquiridas perceber-se-á a verdadeira dimensão do equívoco. O facto de a avaliação liderada por Roberto Carneiro se referir ao pouco impacto na vida profissional é importante como indicador, mas não chega para avaliação da qualidade do Programa. Estou a falar de qualificar.

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