AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

segunda-feira, 26 de julho de 2010

O STRESS DO CAJÓ

Já há algum tempo que não me cruzava com o meu amigo Cajó, vocês conhecem, o mecânico que tem o Punto kitado e é casado com a Odete que trabalha, quando tem, numa loja do Centro Comercial. Pois durante a tarde encontrei-o no café, para não variar estava agarrado a uma mini.
Então amigo Zé, não tem passado lá pela oficina, tá zangado c'a gente ou o chasso porta-se bem?
Não tem calhado Cajó, a máquina aguenta-se e é melhor que continue porque os carros estão caros.
Pá, nem me fale em caro, tá tudo uma miséria, o guito não chega p'ra nada.
A coisa não está fácil Cajó, é verdade.
Não tá fácil, mas é sempre prós mesmos. Os gajos enchem-se, gandas máquinas, belos empregos, não fazem a ponta d'um corno e depois, inda por cima, altas reformas. Um gajo anda aqui uma vida inteira enfiado no macaco com as mãos no óleo e tem que bulir até velho. A mãe da minha Odete tem setenta e tais e inda anda nas limpezas, a reforma não lhe dá para ficar a tomar conta dos miúdos e bem me dava jeito.
Pois é, a vida está um bocado dura.
Dura? Tá um stress do caraças. Agora por stress, noutro dia tava um bacano, devia ser doutor, a falar lá na oficina e tava a falar c'o patrão duma cena qualquer do stress dos bancos, uma cena assim. Stress dos bancos? Ganda treta. Stress é a vida dum gajo a ver se o guito chega até ao fim do mês. Queria comprar um telemóvel pó meu Tolicas, tinha aí um bacano que me orientava um fixe, já desbloqueado, o puto anda-me a chatear e não consigo. Amigo Zé, cuide do físico e passe por lá com o chasso, a gente precisa de clientes.
Um dia destes passo por lá Cajó, deixe que eu pago a mini, sem stress.

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