Hoje na praia encontrei o Tuga, ou melhor, um exemplar do Tuga, uma espécie característica do nosso habitat. No encontro de hoje na praia tratava-se de um adulto, acompanhado da mulher e dos filhos, ainda crianças pequenas.
O Tuga, braços tatuados e cabelo curtinho, chega ao areal equipado com uma camisola de alças vermelha, com o emblema do glorioso e com uns calções amarelos e verdes compridos, quase a tocar nas havaianas brancas. Carrega o chapéu de sol, uma geleira e ainda consegue rebocar um dos filhos. Traz um boné de pala e em cima desta poisam uns óculos escuros.
A tribo do Tuga poisou logo bem encostadinha às pessoas que já estão na praia, o Tuga não gosta de estar sozinho. Espetado o chapéu de sol, os miúdos são besuntados com creme protector pela mãe Tuga, enquanto o pai arruma a geleira debaixo do chapéu e em voz bem alta avisa-os para se portarem bem senão volta tudo para casa.
Em seguida pega numa bola e com um pontapé atira-a para longe dizendo aos miúdos para irem jogar e terem cuidado com as pessoas. A bola atirada pelo Tuga tinha, entretanto, acertado num velhote que passeava no sítio errado.
Com o olho nos putos o Tuga senta-se a ler o Record e puxa de um cigarro cuja cinza vai sendo depositada na areia.
Passado pouco tempo os putos aparecem, um deles a chorar porque o outro lhe tinha batido. Aí o Tuga, senta o mal comportado na toalha, acende mais um cigarro, põe os óculos na cabeça, como sabem os Tugas não usam os óculos nos olhos, é na testa ou na cabeça, e vai ele jogar com o irmão.
Dois minutos depois volta e diz para a família ir ao banho. Ouvem-se uns protestos da mãe Tuga, mas a voz alta do pai Tuga é persuasiva e vai tudo para a água.
Quando voltam, a protestar pela frieza da água, juntam-se à volta da geleira donde emergem umas "sandes" para todos, colas para os miúdos, sumo para a mãe e uma mini para o Tuga.
Durante o lanche surge uma discussão sobre a que horas sairiam da praia a que o Tuga, sempre em alta voz, pôs termo dizendo que sairão à hora que ele disser. Esta cena foi-se desenrolando acompanhada de vários telefonemas do Tuga por causa de um problema com a bomba de água do carro de que boa parte da praia ficou ao corrente.
Aquietado o estômago, o Tuga e a família deitam-se nas toalhas e ele volta ao Record e a mais um cigarro, cuja beata irá fazer companhia às anteriores no areal da praia.
Mais não pude perceber porque a minha praia acaba cedo. É sempre um prazer encontrar o Tuga.
Genial. O Tuga é tão versátil e ao mesmo tempo, tão específico, que poder-se-ía fazer a Crónica do Tuga na Praia, o Tuga no Supermercado, o Tuga no restaurante...etc
ResponderEliminarJá tinha lido o blogue de fio a pavio e entre vários que guardei, hoje irei publicar este no meu espaço, por continuar a ser tão real e nada mudou para melhor:)
ResponderEliminarCaso não aceite, diga pf, que eu retiro.
Raramente comento, mas nunca deixe de escrever.
Um abraço sincero