AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

segunda-feira, 3 de maio de 2010

A HISTÓRIA DO PROFETA

Um dia, àquela terra onde acontecem coisas, chegou um Homem Velho, muito velho mesmo, a julgar pela aparência. Por lá foi ficando e começou, era dado a isso, a falar com as pessoas daquela terra. Pela maneira como falava percebia-se que era um homem com muitas narrativas, conhecia muito mundo.
De início, as pessoas nem se davam conta mas, de mansinho e à medida que as ia conhecendo, o Homem Velho começou a falar para as pessoas dando alguns conselhos ou fazendo algumas considerações sobre as consequências no que estava para vir que poderiam ter os dizeres e os fazeres das pessoas.
Como disse, as pessoas não ligavam às conversas do Homem Velho, achavam que era, claro, conversa de Homem Velho.
Acontece, que de vez quando alguém reparava que o que o Homem Velho tinha falado estava a acontecer. Quem nisto atentava achou que era coincidência e ficava por assim mesmo. No entanto, as coincidências, chamemos-lhes assim, eram frequentes e mais pessoas reparavam que o Homem Velho parecia falar do que ia acontecer. Como sabem, não existe quem adivinhe o futuro, as pessoas daquela terra também assim pensavam e, apesar de terem começado a chamar Profeta ao Homem Velho, não o levavam a sério, não podiam, como é óbvio.
Com o passar do tempo a coisa foi ficando diferente e perceberam que, de facto, as consequências que o Profeta referia do que aconteceria pelos dizeres e fazeres das pessoas se verificavam, sobretudo no que respeita ao que ele não achava bem feito. Aí as pessoas ficaram mesmo incomodadas com o Profeta.
Um dia, juntaram-se e sem resistência por parte dele, entregaram o Profeta no hospital psiquiátrico daquela terra, onde ainda hoje se mantém continuando sempre a avisar as pessoas sobre como cuidar do futuro. Ninguém lhe liga. É assim com o discurso dos loucos.

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